Tiros para o alto e muita confusão foram registrados na assembleia dos cerca de mil trabalhadores do programa federal de habitação popular Minha Casa Minha Vida em Eunápolis, na manhã desta terça-feira, 24. Após paralisar as atividades na segunda, 23, a categoria se reuniu para protestar no canteiro de obras da construção, no bairro Itapuã.
A confusão teria começado quando os trabalhadores colocaram um carro de som dentro da obra. Diretores da empresa Sertenge S/A, responsável pela construção, pediram apoio da polícia, que enviou uma viatura ao local para conter o movimento. Cerca de seis tiros foram disparados para o alto por policiais. "Atiramos, pois nos sentimos ameaçados", justificou o PM Eduardo Luis, autor dos disparos.
Ainda durante a confusão, um policial civil, não identificado, teria tomado a direção do carro de som e levado o veículo para fora da construção. O diretor da federação dos trabalhadores da construção civil, Silvany Braga, que discursava em cima do carro, foi arremessado para um matagal, mas não se feriu.
O conflito só foi controlado com a chegada de mais duas viaturas da Polícia Militar. Revoltados, os trabalhadores seguiram em direção à BR-101, onde ameaçam atear fogo em pneus e bloquear o trânsito da via ainda nesta terça-feira.
Paralisação - A construção de 1,5 mil casas do programa federal de habitação popular Minha Casa Minha Vida foi paralisada nesta segunda-feira, 23, em Eunápolis, a 643 km de Salvador, no extremo sul da Bahia. Após assembleia realizada na porta do canteiro de obras, situada no bairro Itapuã, os poucos mais de mil trabalhadores foram para casa, com previsão de retorno somente quando a Construtora Sertenge S/A iniciar a negociação das reivindicações, o que está não tem previsão de ocorrer.
A categoria protesta contra a falta de pagamento de horas extras há dois meses e de cestas básicas há mais de sete meses; má qualidade na alimentação e água servidas; Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que não estaria sendo depositado, apesar de ser recolhido; não-pagamento do abono, rebaixamentos e desvios de função e falta de pagamento das rescisões de contrato. A construtora Sertenge nega que estes problemas existam.
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