E dizendo que não saem mais daqui. Os migrantes continuam chegando em Itabuna, que na quarta-feira, 28, completou 100 anos de emancipação política e administrativa.
Se no século XIX chegavam os sergipanos, hoje desembarcam dezenas de pessoas de outras regiões do país e de cidades circunvizinha. É o caso do policial militar Eusébio França dos Santos, de 36 anos, natural de Ibicaraí.
Ele veio ainda criança para estudar e não quer outro lugar para morar e trabalhar. “Sou filho de um trabalhador rural, que mesmo com pouca instrução teve a visão, naquela época, de enviar os filhos para uma cidade maior para estudar. Éramos oito irmãos”.
Eusébio conta que isso aconteceu há 29 anos e, desde criança, sempre gostou de Itabuna. Para ele, o comércio é referência na região, enfrenta dificuldades como toda a cidade do seu porte, mas é a “metrópole” do sul da Bahia.
“Acredito muito na cidade, na evolução e nesse povo, que é exemplo de perseverança”. Ele fala ainda de conquistas e sonhos. “Conquistei e estabeleci aqui a minha família, residência, trabalho”.
“Meu sonho é criar meu filho dando-lhe uma boa qualidade de vida, formando bem seu caráter e me aperfeiçoar mais ainda, pois a vida é um aprendizado eterno”.
Magia
A dona-de-casa Marieuda da Silva Rodrigues, de 53 anos, é natural de Buerarema, chegou em Itabuna com 15 anos e três anos depois teve o primeiro filho. Ela encontrou na cidade um povo acolhedor, simples e simpático. “Não pretendo sair”.
A dona-de-casa avalia que Itabuna tem uma magia que não é encontrada em outro lugar. “Vim para cá com sete irmãos e minha mãe recém-separada do meu pai. Foi um tempo muito difícil, passamos por privação, mas com muito trabalho tivemos êxito”.
Ela lembra que, mesmo com toda a dificuldade, nenhum dos sete irmãos nem ela seguiu pelo caminho errado. “Sempre trabalhamos muito e o que temos foi conquistado com honestidade”. Quanto aos sonhos, um deles é poder comprar a casa própria.
Outro “fisgado pelo visgo” foi Luiz Carlos Santana Barreira, de 31 anos, de Jacobina. Ele veio para Itabuna aos 9 anos de idade, quando o pai foi transferido.
Mas lembra que, quando o pai foi transferido de Feira de Santana para Teixeira de Freitas, a família passou por aqui e “alguma coisa na cidade” já o atraia.
Luiz Carlos não sabe explicar o que aconteceu, porque só tinha 6 anos. “Lembro disso muito bem, apesar da pouca idade. Minha família ficou aqui muito tempo, mas todo mundo foi embora e eu fiquei. Já saí daqui várias vezes, mas sempre acabei voltando”.
“Antes eu acreditava que voltava sempre por causa dos meus pais, mas eles foram embora e eu continuei”. Ele destaca que sempre montou seus projetos pensando na cidade. Barreira é policial rodoviário federal e lembra já recusou propostas de trabalho fora.
“Quando saio de Itabuna me sinto um ‘peixe fora d’água’. Moramos eu e meu filhinho de quatro patas, um lindo cão”. E os sonhos?
“Estou justamente nessa fase, de tentar decidir o que fazer daqui para frente. Está na hora de mudar alguma coisa, só não sei ainda o quê. Estou pensando em construir alguma coisa diferente, talvez mudar de trabalho”.
Algo melhor
Valmir Costa dos Santos, de 48 anos, é de Ibirataia, chegou a Itabuna aos 2 anos de idade com a mãe, o avô e os tios. Os pais moravam na roça quando nasceu, mas logo depois se separaram. A mãe resolveu vir para Itabuna trabalhar, porque era uma cidade maior.
Valmir afirma que, naquele momento, a mãe pensou muito em seus estudos. “Trabalho desde os 10 anos e estava na 5ª Série quando parei para trabalhar, voltando a estudar 5 anos depois no colégio CISO. Aí terminei o segundo grau e parei de vez”.
Na cidade centenária, ele diz que conquistou seu espaço no mercado de trabalho. Hoje, é designer gráfico e comprou sua casa. Conquistou muitos amigos e tem muita fé em Deus.
Os sonhos de Valmir não são diferentes dos demais chefes de família. Ele quer ver os filhos formados, com uma boa educação e que a cidade possa crescer a cada dia.
O repórter e apresentador de rádio Fábio Roberto Alves de Araújo, de 29 anos, é de Salvador, veio para Itabuna aos 12 anos com a mãe e o padrasto. Antes ficou em Ilhéus, mas pouco tempo.
“Minha mãe, na época, trabalhava em uma escola pública de Salvador, veio para cá e se aposentou recentemente. Estamos aqui há exatos 19 anos”. Fábio diz que sua rotina em Itabuna é agitada, trabalha muito, estuda e nas horas vagas vai ao cinema.
Atualmente são quatro pessoas em sua casa: ele, a mãe, o padrasto e uma irmã. Quanto a seu sonho, é ganhar na mega-sena, comprar um jornal e contratar a repórter que o entrevistou (Neandra Pina)...
fonte:aregião
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