Sentei para escrever esse texto e fiquei me perguntando, de frente para o computador, como começar. Minha maior preocupação hoje é não parecer aqui uma pessoa partidária. Até porque, neste exato momento, confesso não ter vontade de torcer por nenhuma das duas opções que estão aí, candidatos a governar o meu Brasil.
Procurei no dicionário virtual o conceito da palavra INTEGRIDADE. E li que “ela significa a qualidade de alguém ou algo ser íntegro, de conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, imparcial, brioso, pundonoroso, cuja natureza de ação nos dá uma imagem de inocência, purezaou castidade, justo e perfeito, puro de alma e de espírito”. Onde está a integridade nas duas opções que temos?
Definitivamente, estou confusa. Montaram um personagem chamado Dilma, que eu não sei de onde saiu nem o que já fez da vida, e querem que eu a eleja como a autoridade máxima do Poder executivo e da República, a maior liderança do meu país. Lula tem feito campanha para ela 24 horas por dia, empenhado, e eu gostaria de prestigiá-lo nessa empreitada, mas não tenho coragem. Falta alguma coisa nessa mulher. Às vezes acho que é simpatia. Às vezes acho que lhe falta inspirar confiança. Não tenho certeza do que falta, e por isso fico receosa.
Conheço José Serra. Lembro dos seus grandes feitos na área da saúde no Brasil. Aliás, foi levantando a bandeira da qualidade da saúde que eu o conheci, e aprendi a admirá-lo. Já parei na frente da TV para vê-lo explicar campanhas de vacinação, dentre outras coisas. Mas o tempo e a convivência podem ser cruéis com as pessoas. E acho que foi mais ou menos isso que aconteceu. A convivência, especialmente nesse período de campanha eleitoral, arranhou a minha simpatia por ele.
O horário político é ridículo e os debates foram, TODOS, um atentado à moral da população.
O horário político é ridículo e os debates foram, TODOS, um atentado à moral da população. Não vi nem ouvi propostas, planos de governo, promessas. Essas duas pessoas que estão aí hoje almejando liderar o meu país conseguiram denegrir a própria imagem dia após dia, numa luta incansável de provar que o outro é PIOR. Estou quase acreditando que correto foi o palhaço Tiririca, que foi autêntico ao ‘dar as caras’ dizendo que ‘pior do que está não fica’.
Abri os jornais e as revistas, buscando informações, e não as tive. Só li dossiês pagos, agressões, desafetos. E ainda tive que recordar episódios tristes da história do meu Brasil, porque eles fizeram questão de resgatar e citar indivíduos que eu gostaria de esquecer. Enquanto um dizia ‘fulano é seu amigo e isso prova que você não presta’, o outro respondia ‘mas você é amigo de fulano de tal, que fez pior ainda’. Aquele velho ‘jogo infantil’ que algumas mães têm, colocando sempre a culpa no comportamento do filho do vizinho.
É, querido fiel leitor, sinto uma dor no peito ao dizer que a impressão que tenho é que domingo o Brasil vai eleger o menos pior. A que ponto chegamos hein? Triste realidade. O poeta e dramaturgo inglês Willian Shakespeare disse um dia que ‘os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança’. A mais pura verdade. Independente do nosso voto e partido estamos todos pautados na incerteza do futuro e somos todos miseráveis, vestidos da esperança de que aquele que seja eleito não nos decepcione TANTO.
Procuro um presidente para o meu Brasil e não acho. Não acredito nas opções que me deram. Não confio nas informações que tenho. Sequer posso observar as pesquisas. Baiana de nascimento e de alma me apego às frases de efeito, como a de Marcio Vitor, do Psirico. Sim, a desilusão já chegou à nossa cultura popular. Numa de suas canções, em que relata a miséria do povo que vive nos morros, há uma frase interessante: “‘ê chuá chuá, temporal que leva tudo, só minha fé não vai levar”…
Manuela Berbert é apresentadora de TV, publicitária e colunista do Diário Bahia.
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