A mãe de santo Bernardete Souza Ferreira dos Santos, de 42 anos, diz ter sido vítima de uma sessão de tortura cometida por oito policiais militares. O fato teria ocorrido no dia 23 de outubro, no assentamento Dom Helder Câmara, situado no distrito de Banco do Pedro, em Ilhéus.
Bernardete conta que estava em sua casa no assentamento, em companhia do marido, o professor de Filosofia Moacir Pinho de Jesus. Foi quando chegaram os policiais, com um jovem algemado. O casal indagou sobre o motivo da presença dos PMs na área e se eles tinham mandado judicial. Não houve resposta.
Em seguida, os policiais adentraram à sede da associação de pequenos produtores e a mãe de santo resolveu ser mais incisiva. “É melhor vocês se retirarem. Isso aqui é uma área privada, um assentamento. Vocês podem entrar nas casas de quem não conhece as leis, mas aqui nós não somos abestalhados”.
Nesse momento, o PM que comandava a operação, identificado como Adjailson, ordenou a prisão da mãe de santo por desacato. A partir daí, o inusitado tomou conta do assentamento.
Bernardete conta que incorporou seu orixá, Oxóssi, e não tem mais consciência do que veio a ocorrer, somente pelo que lhe foi relatado por outros dez moradores do assentamento que assistiram à cena. “Quando pegaram o meu cabelo, o orixá chegou. A partir daí, só o relato das pessoas. O pessoal disse que gritava: ‘solta que é Oxóssi, é o orixá que está aí’. As crianças começaram a gritar, um desespero. Pegaram Oxóssi, pisaram no pescoço dele e jogaram em cima de um formigueiro. Aí disseram: só assim para o demônio sair”.
É nas pernas de Bernardete que aparecem as marcas mais visíveis da agressão sofrida por Oxóssi. O caso foi parar na corregedoria da PM, que designou um oficial para vir a Ilhéus investigar a má-conduta dos policiais. A secretária da Promoção da Igualdade do Estado da Bahia, Luiza Barros, exigiu apuração rigorosa e o governador Jaques Wagner ficou – segundo palavras da secretária – “absolutamente indignado”.
Informações do Correio da Bahia
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