Numa cidade que abriu os olhos para a disseminação do crack em suas ruas e casas há cerca de uma semana - quando um músico viciado enforcou a namorada, no Flamengo -, Flávia Materco enxerga mais longe. Com a experiência de 14 anos ajudando o irmão na luta contra as drogas (os três últimos queimados com o crack), ela adverte: "é preciso entender que não são os menores de rua que estão usando crack, é o crack que está levando as pessoas para a rua". Seu irmão, hoje com de 26 anos, tinha 12 anos quando começou a fumar maconha, em meio a uma crise familiar com a separação dos pais. De lá para cá, foi conhecendo outras substâncias. Até que começou a usar aquela que o levou para a sarjeta.
- A primeira vez que vi meu irmão na rua foi por acaso, a poucos metros da minha casa. Estava passando por uma marquise e avistei os sapatos que meu marido tinha dado de presente a ele. Chovia, e meu irmão estava enrolado num saco de ração. Entrei em desespero. Sentei-me e comecei a chorar - relembra ela, onze anos mais velha que o rapaz, e que nunca foi de se conformar. - Eu, graças a Deus, nunca desisti do meu irmão. Cansei de subir morro atrás dele. Pegava uma foto dele e ia. Nunca tive medo. Uma vez, no Cantagalo, o encontrei completamente drogado e prestes a ser morto pelos traficantes. Um deles me perguntou quem eu era e, quando respondi, ele me avisou: "tira seu irmão daqui senão ele vai morrer".
CONHECE ALGUÉM QUE SEJA USUÁRIO DO CRACK, CONTE PRA GENTE.
CAPS-AD - Centro de Atenção Psicosocial Alcool e Drogas
Unidade de apoio ao dependente
Telefone: (73) 8859-0559
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