Prefeitura mapeia imigrante na cracolândia
O drama de viver na cracolândia, região no centro paulistano que funciona como a maior boca de fumo a céu aberto, já não é relatado somente em um idioma. Estrangeiros de todos os lugares estão cada vez mais misturados ao bloco de pessoas sem identidade, que andam enroladas em cobertores, com o cachimbo na mão, acendendo pedras de crack a qualquer hora do dia. Nos últimos dois meses, agentes da Secretaria Municipal de Saúde conseguiram contato com 16 deles - na tentativa de tirá-los da dependência - e o mapeamento mostra que as nacionalidades são típicas de Babel. Rússia, África, Arábia e América. Os quatro cantos do mundo chegaram à área mais devastada da capital paulista.
Os trajetos percorridos por eles até o cenário assolado pelo consumo de crack são variados. Mas sempre passam pela imigração ilegal e por condições de emprego precárias. "Quem vem para o Brasil ainda acha que vai encontrar samba, carnaval, futebol e trabalho. Termina na rua e no frio. A droga funciona como cobertor", diz o peruano Félix Rafael Morales, em São Paulo desde 2001. Ele chegou aqui com a promessa de serviço em telecomunicações. Perdeu o posto, não arrumou outro, só encontrou as ruas próximas da Avenida Paulista como abrigo, onde viveu por dois meses. Passou outros cinco anos "pulando de albergue em albergue". Conseguiu ser contratado pelo governo municipal para atuar como agente de saúde, com o foco no atendimento de estrangeiros que estão em situação de rua. "Hoje, em minhas abordagens, 80% deles sofrem com a dependência."
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