Nós brasileiros teremos que conviver com a pantomima macambúzia
daqueles que pretendem uma vaguinha de emprego fácil nas Câmaras de
Vereadores e nas prefeituras do Brasil. Aqueles que não tiveram a sorte
de terem em casa o serviço de televisão a cabo serão obrigados, em nome
da Constituição Federal, a ouvir as piores asneiras e verem os mais
mentirosos do Brasil durante o mal afamado Horário Eleitoral Gratuito.
A 47 dias das eleições elas começam a serem exibidas agora, dia 21 de
agosto; e irão “nos encher o saco” até o dia 4 de outubro; para as
cidades que terão segundo turno, lá vão elas por mais 15 dias; e a
emissora de rádio ou televisão que não cumprir com o determinado, o TER
suspenderá suas atividades por 24 horas; o que seria muito bom para
todos nós, mas não para os empresários...!
Durante o período de exibição destas propagandas malditas estará aberto
o maior concurso público do Brasil, onde milhares de pessoas se
candidatam a uma das 5.561 vagas de Prefeito; 5.561 vagas de
vice-prefeito e 60.320 vagas para vereador. Ao final do pleito, 71.442
pessoas terão emprego fácil, salário bom e estabilidade no cargo por
quatro anos; seus salários somados levam das obras e de outros
investimentos nada menos que 600 milhões de Reais todos os meses ou 7,2
bilhões de Reais por ano. Uma fortuna que muitas vezes é quadriplicada
sem que nós enxerguemos nada de proveitoso.
Alguém pode até me arguir de como me porto tão incivil quando me refiro
aos vereadores, vice-prefeitos e prefeitos do Brasil; outros podem me
criticar por causa de minhas críticas aos membros do Executivo e
Legislativo; e minha resposta é simples: destes novos 60 mil servidores
que alimentaremos por 4 anos, menos de 5% fazem jus a sua incumbência. A
maior parte desta gente inútil quer ser vereador ou prefeito por causa
da grana e das facilidades que todos eles têm em tirar para si mais
dinheiro público.
Esta coisa de se candidatar a uma vaga para os cargos eletivos não para
com os empregos municipais; em mais dois anos haverá eleição novamente e
desta vez nomearemos pessoas para mais cargos. Em 2014 chega ao fim o
mandato da Presidente Dilma e durante a eleição para Presidente da
República, senadores, deputados federais, deputados estaduais e
vice-governadores e governadores tentarão também uma vaguinha na mamata
pública. Durante as eleições de 2014 serão mais 1.709 cargos; e nos dois
pleitos bianuais somados, o povo brasileiro alimenta 73.151 políticos
diretamente.
Voltando as eleições deste ano, os candidatos a vereador chegam a ser
patéticos em suas campanhas. Aquele que deveria legislar para seu
município, muitas vezes sequer sabe o que é “legislação”.
Cada cidade brasileira possui um prefeito e um vice-prefeito; de igual
forma que a legislação (art. 56) exige que cada mandatário tenha em sua
comarca um Poder independente para acompanhar todas as suas ações; este
Poder é o Legislativo e esta instituição, no município, precisa ter uma
casa para abrigá-los; esta casa é a Câmara Municipal e seus artífices
são os vereadores; pessoas que são eleitos para no máximo 4 anos; devem
elaborar e cuidar da Lei Orgânica de sua cidade; que devem fiscalizar e
julgar as contas das Prefeituras; e que sempre devem legislar sobre os
interesses de sua comunidade.
Fala-se muito sobre os salários de vereadores, mas o termo correto é
subsídio; e quem fixa estes mesmos subsídios são eles próprios.
Acreditem, mas são os próprios vereadores que dizem quanto irão ganhar.
Eles deveriam obedecer aos limites estabelecidos pela Carta Magna, mas
muitos destes vereadores acabam encontrando uma brechinha legal para
ganharem muito mais do que o teto nacional. Cada câmara deve receber no
máximo 5% do que o seu município arrecada; e é desta grana que eles
fazem uma farra.
Alem da propaganda eleitoral gratuita exibida na televisão e no rádio
até no Facebook a galera que pleiteia um empreguinho fácil tá botando
pra quebrar. É um tal de xingar o adversário aqui, contar mentiras Dalí;
o site de relacionamento mais famoso do mundo está entupido daquilo que
classifico como lixo eleitoral; coisas que só confundem a cabeça de
quem pensa pouco, por que de mim, esta gente somente abiscoita rejeição
plena.
Sempre houve candidaturas patéticas, mas depois da eleição de Tiririca
em SP
a coisa piorou; todo tipo de malandro, palhaço ou criminoso agora
escancara suas fotos e slogans néscios por todo lugar. Numa busca rápida
pela grande rede eu vi o Clark Crente; o Marquito do programa do
Ratinho; acreditem, também é candidato; o Rei Momo de Sorocaba quer
transformar a câmara de sua cidade em seu palácio momesco; aquele
sujeito que fez o papel de Pit Bitoca também quer uma vaguinha na câmara
de São Paulo; Abraão do Queijo, Lixeiro, vira lata, Tonhão som de
cristal, o home da moto, gordinho da paz, serrote, Professor Pipoca,
abajur, Dorinha Andorinha e Phumaça são alguns dos nomes aberrantes que
pretendem também uma vaga como vereador.
Pode-se chamar de “a festa da democracia”, mas ser democrático zombando
com o futuro de um Poder e claramente achincalhando com a opinião
pública, já é demais! Tem pessoas e pessoas; e estas tem um nome de
registro; algumas são conhecidas pelos apelidos burlescos, mas utilizar
destes cognomes nesta festa democrática passa a ser uma libertinagem. Um
tal de Peru do Escapamento, que na última eleição teve 110 votos, agora
deseja tentar mais uma vez a sua grande chance para ficar 4 anos
mamando nas tetas do Poder; outros caras de pau também brincam com as
urnas; Et de Varginha, Bin Laden, Tabaqueiro, Obama e acreditem: John
Lennon é candidato a vereador!
Quem pensa que já viu de tudo com os nomes aberrantes que pretendem
chegar numa vaga do Poder, ainda não viu nada. Imagine a cena: você e
sua família almoçando enquanto na televisão Furúnculo Maligno falando de
suas propostas? Pica-pau, Tieta, sonrisal, He-man, Chapolim, vassoura,
tesoura e “Vadão do jegue do dente de ouro” também são candidatos.
Toda esta fanfúrria por que a Lei permite. O Artigo 30 da resolução do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 23.373, de 14 de dezembro de 2011, e
Lei 9.504/97, diz que o nome indicado na urna poderá ser: nome,
sobrenome ou apelido do candidato desde que não se estabeleça dúvida
quanto à sua identidade, não atente contra o pudor público e não seja
ridículo ou irreverente. O postulante que, mesmo depois de intimado, não
indicar o nome que deverá constar na urna eletrônica, concorrerá com
seu nome próprio.
É nesta hora que entram os pudicos de plantão e os juristas que adoram
satirizar com a estupidez de quem faz as leis. De fato “Vadão e o jegue
do dente de ouro”, não atenta contra o pudor público; nem ele nem nenhum
dos outros citados, mas será mesmo que isso não é ridículo ou
irreverente? É claro que é! É óbvio que todos estes e muitos outros
candidatos pretenderam escarnecer com a rara oportunidade de se tornarem
famosos; e se der certo, alguns deles conseguirão uma vaga neste tipo
de emprego!
Em Juazeiro na Bahia tem “Bixa Muda” e seu slogan é “Juazeiro muda com
Bixa Muda”; o ex-integrante do BBB, Serginho, candidatou-se com o slogan
“Serginho Orgastic”; se alguém disser algo a respeito deste candidato,
muito provavelmente alguém o defenderá dizendo que se trata de
homofobia. O sujeito se registra no TER com o nome “quero me dar bem”e o
juiz homologa sua candidatura; é uma piada!
Mas quando isso pode mudar? Minha resposta é: nunca; pelo menos
enquanto a maioria de nós encararmos uma eleição como forma concreta de
ganhar dinheiro fácil ou como um emprego cujo salário é um dos melhores.
A palhaçada eleitoral em nome da esquisita democracia permanecerá assim
pela eternidade, porque aqui se mexe em tudo, menos isso aí; a imundice
que compõe as eleições no Brasil; a começar pela proporia legislação
eleitoral; quem a defende e quem a julga!
Parafraseando Victor Hugo, assevero que entre o político que perpetra o
achaque e o povo que o elege e consente, há uma conivência desonesta,
imoral, completamente censurável. Isso aqui, assim como está, pode ser o
país de quem quiser, mas não é, com certeza, o país que desejamos, com
sinceridade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário