Por Hélio Lima Junior
Nesta quinta-feira dia 12 foi veiculada na Tv Santa Cruz uma entrevista com minha mãe a artista plástica D Amélia, nele foi exposto um pouco sobre o tema recorrente neste momento quando alguns jornalistas nos procuram afim que falemos um pouco sobre o tema.
Desde que essa associação entre meus avós e os personagens do livro foi feita pelo jornalista Jorge Medauar na década de 50, muitos buscam uma resposta, uma posição da família sobre o assunto, sempre evitamos entrevistas e o motivo foi receio da distorção da história, e eu mesmo percebi nessas ultimas semanas o quanto alguns podem ser desagradáveis ou buscar apenas o interesse em visibilidade, porém graças a Deus tive a sorte de tratar sempre com gente séria, em entrevistas escritas ou gravadas afim de evitar distorções.
Resolvemos começar a falar agora, e o tenho feito sempre que solicitado com a devida autorização de todos, afinal, o respeito à família deve ser essencial. Sempre desta forma, pois sabem que há bom tempo pesquisei sobre o assunto, e quando respondi a primeira entrevista a um jornal local e na seqüência ao A Tarde, Tribuna da Bahia, TVE este foi o objetivo, esclarecer, informar e não criar mais uma confusão na cabeça das pessoas, evitando qualquer enfoque que deixassem duvidas no ar.
A entrevista veiculada na TV Santa Cruz foi conduzida por Marta Almeida com muita objetividade e respondida com clareza por D. Amélia, questionamentos como, por exemplo, semelhanças entre Gabriela e Dona Lourdes, quais os problemas que essa comparação acarretou e o que a família esta fazendo para esclarecer essa questão, foram feitos pela repórter em entrevista inicialmente solicitada pelo programa Mais Você, porém a nós não interessou o enfoque sugerido pelo programa mas concordamos com a proposta da Tv Santa Cruz. Quem acompanha nossa caminhada sabe que precisamos ter cautela com a tendência da matéria.
Então, teria possibilidade de Dona Lourdes ter sido a Gabriela contada por Jorge Amado? Claro que não, afinal Lourdes Maron nasceu em Ilhéus, filha de um imigrante português que ao vir para o Brasil instalou-se em Ilhéus e formou família, na época em que a história ocorre, aproximadamente 1925, ela tinha cinco anos de idade e Emilio Maron, tinha apenas 9 anos, cresceu trabalhando com o pai libanês Assad Maron e casou-se com Lourdes muito jovem. Compraram o Vesúvio em 1945, quando já estavam casados ha anos e com cinco filhos nascidos.
Quanto ao dotes culinários isso é uma verdade, ela era uma excelente culinarista, e atendia com sua equipe não apenas a demanda do restaurante, mas a festas, eventos em toda a cidade, o que hoje muitos conhecem como Buffet. Quem viveu naqueles tempos recorda da sua postura muito seria.
Após lançado o livro, com a matéria feita pelo jornalista Jorge Medauar em revista de circulação nacional apontando meus avós como personagens do livro, ai sim começaram os problemas. Primeiro o choque em se ver apontada com tal personagem que em nada a retratava, fisicamente, origem ou em comportamento, nenhuma similaridade. Porém coincidia o fato de ser boa culinarista e junto com o marido ser proprietária do restaurante, se o Jorge Amado usou esses pontos para criar um personagem, o fez sabendo que causaria problemas.
Na seqüência os problemas com a insistência dos turistas e jornalistas que tentaram algumas vezes invadir a privacidade da família, fato este que causou todo o problema com o jornalista Medauar, que foi procurado por minha avó e tios, levou uma surra e foi alvejado por tiro, fato bem noticiado na época. Por fim houveram também muitos problemas de preconceito, daqueles que em não conhecer D Lourdes, transferiam para seus filhos o estigma do personagem fictício.
A quase trinta anos atrás, em documentário sobre a região, Sá Barreto cita este caso e fala de Felipa, a mulata sensual que viveu no Vesúvio muitos anos antes da nossa família comprá-lo, e da possibilidade de Jorge Amado ter se inspirado nela, verdade ou não apenas o escritor poderia dizer, mas em entrevista de 1992 ele afirma que os protagonistas do livro Gabriela não eram como tantos pensam Lourdes e Emilio, tarde demais, afinal poderia ter feito tal declaração a época da matéria do Medauar.
Tudo que ocorreu naquela época, todos os dissabores e problemas já estão levantados por nós com a ajuda de amigos da família, pesquisa a documentos e dos cadernos de memórias de minha mãe, juntos contaremos tudo isso, em detalhes, a nós não interessa hoje julgar ninguém, mas apenas esclarecer a quem quiser realmente saber um pouco mais quem foram Lourdes e Emilio Maron, afinal tanto já foi dito e por tantas pessoas nada mais justo que passemos a nossa versão de tudo.
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