O Sul da Bahia possui um dos mais belos litorais do mundo, que atrai pessoas de todo o mundo a cidades como Ilhéus, Itacaré e Canavieiras. São mais de 300 quilômetros de praias e um patrimônio histórico e cultural consagrado nos livros de Jorge Amado. Ainda assim, o turismo é uma atividade incipiente, incapaz de suprir os efeitos da crise na lavoura cacaueira, que durante quase um século foi o sustentáculo da economia regional. Conciliar e expandir a atividade turística a partir da implantação de um novo modelo econômico que inclui a construção do Porto Sul, da Ferrovia Oeste Leste e de um aeroporto internacional em Ilhéus, é considerado fundamental por hoteleiros, comerciantes e operadores de turismo. Eles apóiam a construção da Ferrovia Oeste Leste, já em andamento, e do Porto Sul, projeto de R$ 3,5 bilhões que terá um porto público do Governo da Bahia e um terminal privativo, operado pela Bahia Mineração.
O início das obras do Porto Sul depende da concessão da Licença Ambiental, em fase de avaliação pelo Ibama. Hanns Schaeppi, 84 anos, pioneiro na implantação do primeiro hotel voltado para o turismo, em 1981, e da primeira fábrica de chocolate, em 1985, em Ilhéus, é um dos defensores do Porto Sul. “O porto vai trazer novas oportunidades para a cidade, que estagnou por conta da crise na lavoura cacaueira, alavancando setores como a indústria e o turismo, que depende muito do período de férias no Sul do País, e pode crescer com o setor de negócios”, afirma Hans. “Teremos um aeroporto internacional integrado ao Porto Sul, possibilitando a ocupação permanente da rede hoteleira, além de atrair eventos de médio e grande porte, como congressos, seminários”, destaca o hoteleiro e industrial, para quem “o futuro da região passa pelo Porto Sul, com todos os empreendimentos que ele vai atrair”.
Guido Paternostro, proprietário de um restaurante imortalizado por Jorge Amado em “Gabriela, Cravo e Canela”, o Vesuvio, ressalta que é “a favor do desenvolvimento de Ilhéus e o Porto Sul significa justamente uma oportunidade para que a região atraia novos investimentos”. De acordo com Paternostro, o complexo intermodal vai aumentar a renda da populaçãoi sulbaiana, com impactos positivos no comércio, prestação de serviços e no turismo. “Não entendo como as pessoas podem ser contra o Porto Sul, já que não é possível pensar em Ilhéus apenas como uma cidade turística, porque a atividade é sazonal e ainda incipiente”, afirma.
Ele cita ainda que “aumento de renda significa aumento de consumo, inclusive da freqüência a restaurantes e equipamentos de lazer”. “Entendemos que deva existir preocupação com o meio ambiente, mas o que degrada a natureza é a miséria, a exemplo das invasões de áreas de manguezais e de mata nativa, os esgotos jogados diretamente nos rios e as pessoas cortando madeira para sobreviver”, ressalta Paternostro.
PORTO E TURISMO SE COMPLETAM
Junior Machado, proprietário de um hotel que inclui um complexo de lazer e entretenimento em Ilhéus, diz que “o Porto Sul é um vetor de desenvolvimento para toda a região. E quando falamos em Porto, que se entenda a Ferrovia Oeste-Leste, o Aeroporto Internacional, a Zona de Processamento de Exportações, os investimentos em infra-estrutura e tecnologia, que vão atrair empresas de transformação”. Machado diz que “Ilhéus possui um dos mais belos litorais do mundo e o aquecimento econômico vai expandir o mercado imobiliário, as pessoas pode conciliar trabalho e qualidade de vida”.
Para o hoteleiro, “os benefícios para o turismo serão inquestionáveis. O turismo de férias representa dois meses por ano, com o turismo corporativo teremos ocupação durante o ano inteiro. Essa é uma tendência mundial”. “Para ele, porto, ferrovia e turismo são atividades que se completam, que não entram em conflito. Temos que somar esforços de toda a comunidade, porque Ilhéus e o Sul da Bahia precisam que o Porto Sul se torne realidade”.
O empresário Cleber Isaac Ferraz Soares, que administra um complexo que inclui condomínio residencial e hotel eco resort em Itacaré, foi um dos fundadores e presidente do Instituto de Turismo de Itacaré, secretário municipal de turismo e idealizador do projeto Vilas do Rio de Contas, que visa o desenvolvimento do ecoturismo do Rio de Contas. Para ele, “Itacaré não sofrerá impactos negativos com a construção do Porto Sul e do Complexo intermodal. A cidade terá benefícios em função de seu enorme potencial para o turismo rural, ecoturismo e turismo de praia”. “Acredito que o desenvolvimento que será gerado pelo Porto Sul e a Ferrovia, fortalecerá o turismo, respeitando o meio-ambiente e criando novas demandas, porque a economia regional passará por um processo de expansão”, disse Cléber Isaac, que motivado pela expectativa de novas oportunidades, está expandindo seus empreendimentos para Ilhéus e Canavieiras.
AMPLIAÇÃO DA REDE HOTELEIRA
Presidente da Associação Comercial de Itabuna e diretor da Associação Brasileira da Industria Hoteleira (ABIH), o médico e hoteleiro Eduardo Fontes afirma que “desde a crise do cacau, essa é a grande oportunidade de desenvolvimento regional, porque além do Porto Sul e da Ferrovia Oeste Leste, ainda teremos uma Universidade Federal. Itabuna, como pólo de comercio, serviços e saúde dará um novo impulso à sua economia”. Eduardo Fontes, que construiu um hotel voltado para o turismo de negócios em Itabuna, inicia no segundo semestre a construção de um novo hotel. “Esse é um investimento planejado por conta da minha confiança nos empreendimentos que surgirão a partir da implantação do porto e da ferrovia”, diz Eduardo Fontes.
O secretário de Turismo de Ilhéus, Paulo Moreira entende que o Porto Sul vai gerar emprego e renda e aquecer a economia regional. “Isso beneficiará a rede de hotéis, pousadas, restaurantes e equipamentos de lazer, porque haverá um aumento do poder aquisitivo. O turismo deixará de ser uma atividade sazonal como é hoje”.
Pesquisa realizada pela empresa Sócio-Estatística, com o trade turístico de três municípios de influência do empreendimento, na região sul da Bahia, Ilhéus, Itacaré e Uruçuca/Serra Grande, apontou a aprovação do Porto Sul, com ampla maioria dos operadores do setor. Foram entrevistados 150 membros do setor e a pesquisa apontou que os integrantes creem que o empreendimento alavancará obras de infraestrutura e emprego. A percepção do setor é que a tendência será mais de atrair (49,4%) do que afastar os turistas (8,4%). Em relação aos turistas, o Porto Sul foi considerado como fator atração para 64% das 437 pessoas entrevistadas pelos pesquisadores, no município de Itacaré. Apenas 6% avaliam que o empreendimento afastaria os turistas.
ASCOM/Porto Sul
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