Em carta escrita ao Conselho Regional de Medicina (Cremeb), um médico do Estado faz relato emocionado, contando como a garota Ana Larissa Menezes Baptista, de apenas 8 anos, morreu depois que três pediatras de um hospital público negaram atendimento a ela. A menina faleceu por causa de acidente vascular cerebral (AVC), após enfrentar uma maratona de quase 12 horas perambulando por quatro unidades de saúde do Estado. A carta acabou vazando e agora circula na internet.
“Eu nunca precisei da saúde pública, mas, quando precisei pela primeira vez, acabei perdendo uma filha”, desabafou entre lágrimas o empresário Carlos Elísio Lemos Baptista, 39 anos, em entrevista ao A TARDE, junto com a esposa Sílvia Carolina Menezes de Santana Baptista, 39. O casal estava mudando de plano de saúde, ficou sem cobertura e acabou parando na rede estadual.
A menina Ana Larissa Menezes Baptista, 8 anos, morreu no dia 24 de agosto deste ano, uma terça-feira, no Hospital Geral do Estado, depois de ter passar por três outras unidades públicas. As pediatras do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) Heloísa Cunha Silva, Antônia Maria Dias Aleluia e Alderiza Ribeiro Jucá Rocha são acusadas de ter negado atendimento à criança. Quem acusa é o médico Vinícius Viana Bandeira Moraes, responsável pela transferência na ambulância da Central Estadual de Regulação (CER).
Denúncia – Na carta escrita ao Cremeb, Vinícius Moraes conta como foi a luta para tentar salvar a vida de Ana Larissa, desde o momento em que a transferiu do Hospital São Jorge para o Roberto Santos. Numa narrativa comovente, ele chega a classificar de “show de horrores” os fatos perpetrados pelas pediatras. Moraes relata na carta que, após a morte da menina, perante tanto descaso, chorou abraçado aos pais da menina e à enfermeira que os acompanhava, Lidisy Barbosa.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) e Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) abriram investigações para apurar as denúncias contra as três pediatras do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), baseados na carta do médico Vinícius Viana Bandeira Morais.
A assessoria de imprensa do Hospital Geral Roberto Santos informou que o diretor da unidade, Paulo Barbosa, abriu sindicância para apurar as denúncias. Barbosa também pediu instauração de sindicância à superintendente de atenção integral da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), Gisélia Santana. A direção do hospital comunicou que não se manifestará antes da conclusão das apurações.
As três pediatras acusadas pelo médico Vinícius Moraes – Heloísa Cunha Silva, Antônia Maria Dias Aleluia e Alderiza Jucá – foram procuradas no Hospital Roberto Santos, mas a assessoria de imprensa da unidade informou que elas não se manifestarão sobre o caso. A TARDE conseguiu contato com Alderiza Jucá, que revelou já ter prestado depoimento nas sindicâncias do Cremeb e da Comissão de Ética do Hospital Roberto Santos. Ela disse que iria avaliar, com os seus superiores, se concederia entrevista.
Marcelo Brandão, do A TARDE
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