O crack, droga derivada da cocaína, está se tornando um flagelo nacional, espalhada pelo país em diferentes classes sociais e tomando até salas de aula. Sem trabalho - e conseqüentemente sem renda -, o viciado passa a cometer pequenos furtos para conseguir o dinheiro.
'Depois de conhecer o crack, passei seis anos dormindo na rua. Fui preso várias vezes, porque não tinha como manter o vício e o jeito era roubar. Os traficantes até me ofereciam fiado, mas eu preferia roubar', diz José Carlos Souza de Oliveira, 30 anos, o ‘Jamaica, que conseguiu se recuperar do vício depois de passar uma temporada de 10 meses em um centro de ressocialização mantido por um pastor.
Histórias de vício como a de José Carlos se alastram pelas cidade da Bahia. O crack já assola todas as faixas etárias, todas as classes sociais, e não está mais restrito às grandes cidades.
De acordo com o Pastor Sandro Oliveira Coordenador administrativo do Centro de Atenção Psicosocial Álcool e Drogas, a situação é alarmante, pois 80% das ocorrências de homicídios, furtos e roubos têm o crack como a locomotiva. E a maioria dos casos tem envolvimento de jovens e adolescentes.
Muitos são menores e precisam de um tratamento especial, não podem ficar apreendidos por muito tempo, j na cidade de Itabuna a única estrutura apropriada seria o CPAS-ad.
Em Eunápolis, o consumo de crack cresceu a ponto de já ser encarado como uma epidemia pelas autoridades, que se reuniram na manhã desta sexta-feira (19), no auditório da CDL, para discutir a realidade, que ceifa os jovens, abate as famílias e afronta a sociedade.
Um dos objetivos foi conhecer as pessoas que já estão fazendo algo para amenizar o problema e que também precisam de apoio.É o caso da casa de Recuperação Ebenezer, onde ‘Jamaica’ conseguiu se recuperar. Localizada no bairro Alecrim, zona norte de Eunápolis, chega a acolher até 30 dependentes químicos. O pastor evangélico Sebastião Moura, que preside o centro, disse que bons resultados têm sido alcançados.
Chegamos a conclusão de que um dos métodos que ajudaria essas pessoas na recuperação seria o treinamento em áreas profissionais. Firmamos parcerias com algumas empresas. Os internos prestam serviços para elas. Isso ajuda no processo, pois vários já saíram para trabalhar ou voltaram para suas cidades, recuperados e prontos para se reintegrarem à sociedade', diz.
A vice-prefeita do município, Maria Menezes, que também é secretária de Assistência Social, foi quem organizou o encontro. ‘Como o crack é o maior responsável pela criminalidade, precisamos apoiar aqueles que dentro da sociedade se levantam com idéias e projetos que tentam tratar a questão. Trouxemos a sociedade para ouvir relatos de pessoas tratadas no centro e que têm resultado para mostrar que o trabalho é sério. A sociedade pode fazer muito, participando do projeto, tratando o problema na raiz', falou Maria Menezes.
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