É vergonhoso, para quem nasceu e ama essa terra, ouvir comparações que nos colocam com a cara no chão.
A cada vez que vejo uma latinha, garrafa-pet ou embalagem de qualquer porcaria sendo jogada pela janela de um carro, o impulso que vem é de chamar à responsabilidade o autor (ou autora) da falta de educação. Esta seria uma atitude cidadã, mas nem sempre a adotamos devido a pudores sociais, timidez ou receio mesmo. Afinal, se o mal-educado também for maluco, sabe-se lá qual será o próximo objeto atirado pela janela…
Hoje eu tive uma reação diferente. Dirigia pela Avenida do Cinquentenário no final da tarde quando vi um embrulho qualquer sendo lançado da janela de um Classic preto. Praticamente sem processar, emparelhei com o porcalhão e disse alto: “que educação!”. Do outro lado, descobri que não se tratava de um porco, mas de uma porquinha . A danada era fêmea e sujismunda convicta, tanto que, diante de minha descompostura, entufou-se toda, olhou-me com uns olhos que, se pudessem atirar, teriam me metralhado, e virou a cara ostensivamente, continuando a mastigar sei lá o quê, numa atitude de ruminante.
Canso de ver gente que se desfaz de seu lixo na rua e não sei bem qual é a atitude correta numa situação dessas. É triste perceber que há tantos assim em Itabuna, cidade que não teria mau-desempenho numa competição entre os núcleos urbanos mais sujos do País. E já me convenci que o mérito é todo da expressiva parcela da população que não tem o menor respeito pelo espaço coletivo.
É vergonhoso, para quem nasceu e ama essa terra, ouvir comparações que nos colocam com a cara no chão. Um amigo comentava outro dia sobre como ficou impressionado com a feira livre da cidade de Santo Antônio de Jesus, a 248 quilômetros de Itabuna. Limpa, organizada, carne vendida sob refrigeração, nada a ver com o centro comercial itabunense ou com a nossa imunda feira da Califórnia, onde alimentos são comercializados de qualquer jeito, há lixo por toda parte e falta saneamento.
Pior é que o itabunense tolera essa situação e muitos ainda têm o hábito de comprar em feiras verdadeiramente insalubres. O Centro Comercial vive cheio nas manhãs de sábado, com toda a imundície que seus frequentadores têm direito. Se não se incomodam é porque já se acostumaram com a porcaria, com a qual, aliás, muitos até contribuem.
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA.
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