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PORTO SUL - UMA VERGONHA UMA DESGRAÇA
O debate sobre o Porto Sul, protagonizado por quem o defende, acontece à margem da lucidez, com discursos, textos e argumentos apaixonados, que escondem a verdade.
O jornalista Daniel Thame, profissional capaz de articular vocábulos com perfeição e arte, está desinformado, não sabe o que diz quando de maneira apaixonada, defende o discurso do governador Jaques Wagner (o insensato timoneiro do complexo intermodal).
Ao classificar o Porto Sul como um empreendimento adequado ao desenvolvimento sustentável, Daniel ignora o conceito, demonstra não estar preparado para discutir o tema.
Estes são os princípios da sustentabilidade:
1- Integração entre conservação e desenvolvimento;
2- Satisfação das necessidades básicas humanas;
3- Alcance da equidade e justiça social;
4- Autodeterminação social e diversidade cultural;
5- Preservação ecológica.
Um parecer técnico emitido pelo IBAMA, em novembro de 2010, aponta falhas grotescas no projeto da empresa do Cazaquistão, camuflada com o nome BAMIN. Dentre elas, há uma constatação de que a área de 70 hectares, situada em Ponta da Tulha, onde a empresa deseja construir o terminal privativo, é composta por Mata Atlântica, em estágios médio e avançado de regeneração.
De acordo com a lei 11.428/06, no artigo 14: A supressão de vegetação primária e secundária, do Bioma Mata Atlântica, no estágio avançado de regeneração, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
O projeto da empresa do Cazaquistão não pode ser considerado sustentável, uma vez que não pretende conservar a Mata Atlântica, e sim, devastar 70 ha.
Não é de utilidade pública, já que pertence a um modelo econômico que privilegia a concentração de renda, através da mera exportação de uma commodity, riqueza que sairá do Brasil sem valor agregado.
Os dólares arrecadados com a extração do minério de ferro (da mina de Caetité) ficarão nas mãos de poucos, sendo assim, o projeto não promoverá equidade social. Sobre commodities e concentração de renda, vale a pena assistir à entrevista do editor da revista The Economist (clique aqui).
O nível de empregabilidade será baixo, pois na fase de operação do Porto, a empresa Cazaque afirma que vai gerar apenas 450 empregos. As redes de atacado: Makro, Atacadão, Maxxi e GBarbosa, juntas, vão gerar uma quantidade bem maior de vagas.
O relatório do IBAMA é contundente ao alertar sobre a expectativa ludibriosa que o projeto exerce na população: “por outro lado, a expectativa de geração de empregos vem influenciando, sobremaneira, o grau de aceitação do empreendimento por parte da população. Neste sentido, torna-se necessário que a população local seja informada sobre as reais possibilidades de contratação de mão de obra (quantitativo, qualificação necessária, duração da obra, postos temporários e permanentes, etc)”.
O debate sobre o Porto Sul, protagonizado por quem o defende, acontece à margem da lucidez, com discursos, textos e argumentos apaixonados, que escondem a verdade.
O governador Jaques Wagner tem consciência de que se comprometeu com um projeto repleto de erros, ofensivo à legislação que ele mesmo ajudou a redigir (lei de proteção à mata atlântica).
É inadmissível que Jaques Wagner, uma liderança política consubstanciada na luta pela democracia, e no confronto direto ao “carlismo”, e todo mal que ele representou, encaminhe este debate para o sensacionalismo.
Quais são as “forças ocultas” contrárias?
Ao invés de criar inimigos imaginários, não seria melhor explicar o projeto e expor todas as implicações que começam a surgir?
Por que a empresa do Cazaquistão e o governo do estado consideram a divulgação do parecer técnico do IBAMA, uma ação temerária?
Informações de interesse público que deveriam ser levadas à população, são encaradas como documentos ultra-secretos.
Manter as pessoas fora da discussão lúcida, através de apelos sensacionalistas, não é, e nunca será, um componente da revolução democrática que Jaques Wagner tanto apregoa.
Sobre Daniel Thame, merecedor do meu respeito, penso que não lhe é digno o título “desinformado útil”.
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