'Laranjas' herdam dívidas de R$ 22 milhões
de dois irmãos norte-americanos, donos da falida Bahiatec. Um mora em ma quitinete no bairro Pedro Jerônimo, em Itabuna, outro no município de Itajuípe, no bairro Santo Antônio. Os dois homens têm em comum a pobreza e as dívidas milionárias. Por enquanto, o tombo é de pouco mais de R$ 22 milhões, mas deve crescer com surgimento de novos processos.
Amado Rodrigues de Souza e Abdias da Silva Filho têm dívidas com operadoras de telefonia, companhia de eletricidade, com ex-funcionários e a União. São diversos processos tramitando na Justiça Federal, Tribunal de Justiça da Bahia e Tribunal Regional do Trabalho.
São vários pedidos de bloqueios de contas para quitar o débito, mas os trabalhadores, fornecedores e o fisco brasileiro jamais vão receber os valores devidos.
Amado e Abdias não têm e nunca possuíram patrimônio para pagar as dívidas que herdaram como “sócios” da Bahia Tecnologia Ltda, a Bahiatec.
A chegada
A empresa de computadores foi instalada em Ilhéus, em 1995, pelos irmãos Georges Campbell Saint Laurent III e William Crane Saint Laurent.
A Bahiatec chegou a ser destaque na revista Veja, na edição de 13 de agosto de 1997, como uma das empresas que estavam ajudando a desenvolver o Nordeste (veja nesta edição).
Mas 10 anos depois, em 2007, ganhou as manchetes dos jornais por sonegação fiscal. Os donos foram denunciados ainda por evasão de divisas e irregularidades na aplicação de empréstimo firmado com o Desenbanco, hoje Desenbahia.
Os empresários foram embora do Brasil, deixando para trás dívidas superiores a R$ 280 milhões. Há indícios de que, desde que chegaram ao sul da Bahia, Georges e William pretendiam cometer diversos tipos de crimes, deixando os prejuízos para os “laranjas”.
Somente no processo 2005.33.01000969-3, que tramita na subseção da Justiça Federal em Ilhéus, os “laranjas” Abdias da Silva Filho e Amado Rodrigues de Souza foram condenados a pagar R$ 21.794.265,57, valor atualizado até 23 de julho de 2007.
Na ação, a juíza substituta Karine Costa Carlos deu cinco dias de prazo para que eles pagassem a dívida.
A outra opção era, no mesmo prazo, oferecer garantia à execução, nomeando bens para execução. Tudo que a justiça conseguiu foi o bloqueio de pouco mais de R$ 600,00 que Abdias Filho tinha na conta poupança do Bradesco.
Mais processos
Em 25 de agosto de 2008 foi a vez da juíza titular da 4ª Vara do Trabalho de Itabuna, Telma Alves Souto, determinar que Abdias pagasse, em 48 horas, uma dívida trabalhista no valor de R$ 14.381,42. Caso contrário, garantir a execução, sob pena de penhora.
Nos próximos meses devem sair mais condenações contra o homem, que vive de vender refrigerantes e alugar quartos para casais em Itajuípe e contra Amado Rodrigues de Souza, que mora em uma quitinete ao lado da casa da irmã no Pedro Jerônimo.
Amado não foi encontrado pela reportagem de A Região para comentar a herança da dívida milionária. Já Abdias Filho afirma que descobriu que o seu nome havia sido usado indevidamente quando começou a ser notificado pela Receita Federal.
Ele conta que foi até a delegacia do órgão e informou que nunca tinha sido sócio de empresas e que não reunia condições para pagar o que era cobrado de multa por falta de entrega de declaração de renda.
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