Entrevista do poeta Ferreira Gullar à Folha Ilustrada. Data 02/06/2010.
Prestes a completar 80 anos, Ferreira Gullar prepara livro inédito de poesia
Por Marco Rodrigo Almeida enviado especial a São Francisco Xavier.
O poeta brasileiro Ferreira Gullar, que venceu a edição 2010 do prêmio Camões.
“Não me sinto com 80 anos. O calendário é que fala isso. Mas não tenho essa idade”, diz, sério, o poeta Ferreira Gullar quando o assunto é seu próximo aniversário, em 10 de setembro.
A tranquilidade associada à velhice, realmente, não se aplica a ele, como sabem os leitores de sua coluna na Ilustrada.
Gullar, que lança em setembro um livro inédito de poesia, “Em Alguma Parte Alguma”, preserva intacto há mais de 50 anos o espírito crítico que faz dele um dos principais, e mais controversos, pensadores do país.
No domingo, um dia antes de ganhar o Prêmio Camões, o principal da língua portuguesa, ele participou do Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier.
Logo após o debate, recebeu a Folha.
Na entrevista, fala sobre governo Lula, o comunismo, eleições presidenciais, criação poética, drogas e sexo.
Leia a íntegra:
Folha – Por sua história política, muita gente estranha o senhor ser um dos principais críticos do Lula.
Ferreira Gullar – Não é que seja um crítico ferrenho, tento ser objetivo. Eu me preocupo com o futuro do meu país. O Lula é um farsante, não merece confiança. Não entendemos o que ele faz.
Como abraçar o Ahmadinejad [presidente do Irã], de um regime que é uma ditadura teocrática, que realizou uma eleição fraudada. O povo protestou contra o resultado e o Lula disse que aquilo é choro de perdedor, como se fosse uma partida de futebol.
E o povo tá na rua, sendo reprimido, gente morrendo. Por que um presidente brasileiro vai dar apoio a um governo desse? Não entendo o interesse do Lula lá. Por que reatou relações com a Coreia do Norte? A Coreia é um regime atrasado, o povo morre de fome, muito atrasado. O povo com fome e o governo fazendo bombas. Não entendo o Lula. É um governo para enganar as pessoas.
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