PORTO SEGURO - Em entrevista concedida à imprensa na tarde desta terça-feira (2), na sede do Ministério Público Estadual em Porto Seguro, o promotor de Justiça Dioneles Santana Filho acusou as polícias civil e militar de terem tentado atrapalhar as investigações da morte dos professores Elisney e Álvaro (presidente e diretor da APLB-Sindicato) e se mostrou revoltado com o fato dos mandados judiciais não terem sido cumpridos.
O promotor falou aos jornalistas que a Polícia Civil tentou prejudicar a apuração do caso e não quis, sequer, entregar o inquérito ao Ministério Público (MP), um trâmite que é normal. O promotor lembrou que tudo foi feito pelo MP, inclusive o pedido de prisão contra os acusados, o que poderia ter sido feito pela Polícia Civil.
Foto: Aelson Souza |
Promotor Dioneles Santana acusou as polícias civil e militar de terem tentado atrapalhar as investigações |
“Nós tivemos que requisitar o inquérito, ou seja, dar uma ordem para a polícia trazer o inquérito, porque não queriam mandar. Se o Ministério Público não tivesse a par da investigação, tenho certeza que ela seria fadada ao insucesso. Eles fariam de tudo para apagar as provas”, disse.
A prisão preventiva do secretário municipal Edésio Lima, dos policiais militares Sandoval Barbosa dos Santos, Geraldo Silva de Almeida e Joilson Rodrigues Barbosa - seguranças de Edésio-, e de Antônio Andrade dos Santos Júnior e Danilo Costa Leite, foi requerida pelos promotores de Justiça Dioneles Santana e João Alves da Silva Neto, em denúncia oferecida pelo Ministério Público em 8 de fevereiro.
Os mandados de prisão foram decretados um dia depois pelo juiz Roberto Costa Freitas Júnior. Os três PMs se entregaram segunda-feira (1º) no quartel do 8º BPM e os demais denunciados encontram-se foragidos.
CRIMES EM SÉRIE - Após a morte dos sindicalistas, conforme a denúncia do Ministério Público, seguiu-se uma “queima de arquivos”, quando os envolvidos passaram a ser executados sistematicamente.
De acordo com a denúncia, Antônio Marcos Carvalho dos Santos, vulgo 'Pequeno', motorista de Edésio, foi morto em 6 de dezembro pelos comparsas Sandoval, Joilson e Rodrigo Santos Ramos (vulgo Terceiro), este último teria sido assassinado em 11 de dezembro pelos policiais militares.
Já Antônio Andrade Júnior e Danilo Leite, na iminência de também serem executados, conforme explicaram os promotores de Justiça, acabam fugindo. Os policiais Sandoval e Joilson são acusados de também providenciarem a morte do traficante Itamar Pereira dos Santos, que fazia parte da quadrilha e tinha conhecimento das ações criminosas.
Em 7 de janeiro, após prestar depoimento ao delegado Evy Paternostro, que comandou as investigações e que entrou em férias na última sexta-feira (26), Edésio falou ao RADAR64 que estava lutando para que o fato fosse esclarecido, para os verdadeiros culpados pagarem e que acreditava na inteligência da polícia baiana e na Justiça.
Em nota enviada à redação nesta terça-feira (2), o prefeito Gilberto Abade falou que o secretário de Governo e Comunicação do município, Edésio Lima, foi exonerado do cargo. 'Não tínhamos outra atitude a tomar, senão exonerá-lo para permitir a necessária tranquilidade para a apuração dos fatos. Temos esperança em Deus que o apontado envolvimento não seja verdadeiro”, declarou.
O advogado de defesa de Edésio, Gutemberg Duarte, em entrevista por telefone ao RADAR64 na manhã desta terça-feira (2), garantiu que está preparando a apresentação de seu cliente, que deve ocorrer a qualquer momento.
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