Morto durante uma operação de combate a extorsão, realizada por agentes da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) anteontem à noite na Pituba, o policial civil Valmir Borges Gomes, 54 anos, era reincidente no crime. Baleado após tentar obter R$ 3 mil de estudante de 18 anos flagrado com lança-perfume, Valmir era acusado de extorquir o sobrinho de um policial militar em dezembro do ano passado, segundo o secretário de Segurança Pública Maurício Teles Barbosa, durante coletiva ontem à tarde.
Lotado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), Valmir foi enterrado ontem. Sua morte revoltou os colegas e cerca de 300 agentes decidiram paralisar as atividades e caminharam em protesto da avenida Carlos Gomes até o Ministério Público Estadual, em Nazaré.
“Só vamos voltar às atividades depois que os executores do policial civil Valmir forem presos e apresentados na Corregedoria. Queremos também que a cúpula da Secretaria da Segurança Pública seja afastada”, ameaçou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), Carlos Lima.
Segundo o Sindpoc, o titular da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, Daniel Pinheiro, e chefe do Serviço de Investigação Odair Carneiro são os autores dos disparos que vitimaram o policial. O CORREIO procurou o titular da DTE, mas o delegado não foi encontrado.
Na coletiva, Maurício Barbosa disse que no carro usando por Valmir e comparsas havia vários frascos de lança-perfume e pequena quantidade de maconha.
Questionado sobre a revolta de colegas de Valmir, que classificaram a operação como desastrosa, e ameaça de paralisação, o secretário respondeu: “Qualquer alegação agora é emoção por parte dos colegas. O que eles não podem é ignorar a ação repressora. Já que eles eram inocentes, porque o outro policial não se apresenta e conta a sua versão?”.
Ele acrescentou que o jovem não foi preso por tráfico porque na ocasião do flagrante Valmir teria dispensado o lança-perfume.
Valmir tomou quatro tiros no peito. Na necrópsia, foi encontrado ainda mais um projétil, que tinha ficado alijado nas costas do policial depois de ter sido baleado pelo policial militar Vanderley Magalhães Silva, em dezembro do ano passado. Ocasião em que Valmir tentou extorquir o PM.
Dante e um X9 são apontados como os companheiros de Valmir na noite do crime. “Um deles está escondido porque está com medo de morrer”, contou um policial da DRFR que não quis se identificar.
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