O juiz da 2ª Vara Cível, Comercial e da Fazenda Pública de Itabuna, Gustavo Pequeno, determinou, em liminar, o afastamento por 90 dias dos vereadores Clóvis Loiola, Roberto de Souza e Ricardo Bacelar. Eles são acusados de envolvimento num esquema que desviou cerca de R$ 3 milhões da Câmara de Itabuna, entre 2009 e 2010, período em que Loiola esteve como presidente da Casa.
Além de serem afastados, os vereadores tiveram os seus bens indisponibilizados. Outras pessoas que faziam parte do esquema também tiveram seus bens colocados em indisponibilidade, são elas: o ex-diretor de Recursos Humanos da Câmara, Kleber Ferreira; o ex-diretor Administrativo, Alisson Cerqueira; e três ex-assessores de gabinetes: José Rodrigues, Antônio Pinto Muniz (ligados a Roberto de Souza) e Eduardo Freire de Menezes (indicado pelo PPS e ex-aliado de Loiola).
Outro envolvido e igualmente punido com a indisponibilidade dos bens é o empresário Ruy Barbosa, dono da agência de publicidade Mosaico –Fábrica de Resultados. A empresa de Ruy detinha a conta publicitária da Câmara e ele é acusado de pagar propina todos os meses a vereadores e assessores. Apesar de estarem fora das atividades legislativas, Roberto, Loiola e Bacelar vão continuar recebendo salário.
Câmara já empossou suplentes
O presidente da Câmara de Itabuna, Ruy Machado, deu posse na tarde de sexta-feira (27) aos respectivos substitutos dos três vereadores –Roberto de Souza, Clóvis Loiola e Ricardo Bacelar – afastados do cargo pelo período de 90 dias, até que se conclua as investigações das denúncias contra eles.
O radialista Nadson Monteiro, do PPS, substitui Loiola; o servidor público Gleber (Glebão) Carvalho, do PV, entra na vaga de Bacelar; e o professor Júnior Brandão, ocupa o lugar de Souza. O afastamento dos três e de todos os demais envolvidos no esquema de desvio de dinheiro público foi solicitado à Justiça pelo promotor público Inocêncio Carvalho de Santana, da 8ª Promotoria.
Como a sociedade viu o afastamento
Capitão Azevedo, prefeito
Eu não sei, não tenho noção do que está acontecendo. Como o caso está no Judiciário, acho que as partes devem se comportar de acordo com a legislação brasileira. Não tenho acompanhado os fatos. Mas, como estamos num país de pleno direito democrático, acho que cada um deve ter seus direitos respeitados”.
Ronaldo Neto, médico
“Pelo que temos acompanhado pela imprensa, há uma série de irregularidades que devem ser apuradas e estão sendo apuradas. Se o juiz tomou a decisão de afastar os vereadores, é porque encontrou motivo suficiente para isso, e nós, enquanto sociedade, temos que apoiar a medida e ficar no aguardo dos resultados futuros que envolvem essa investigação”.
Wandick Rosa, médico
“Se há ilícito, que sejam condenados mesmo. Nossos representantes na Câmara não podem ser nosso pior exemplo. Agora, quanto a decisão do juiz de afastar os vereadores, quem sou eu para dizer se a punição foi branda ou não. Acho que já é uma punição e se os culpados merecerem punição maior, que essa punição seja imposta a eles”.
Ary Barbosa – advogado e diretor da OAB
“Não vi a decisão propriamente dita, mas até onde eu sei o juiz decretou o afastamento por 90 dias, mas sem prejuízo dos salários dos vereadores afastados. Ora, a lei dá esse direito, mas a questão é moral. Os réus acabam sendo premiados em vez de serem punidos, pois agora vão ganhar sem trabalhar. No meu entendimento, o salário deveria ser suspenso até que se julgasse o mérito da questão. Se lá na frente os acusados forem inocentados, aí sim, eles receberiam tudo o que não foi pago durante o afastamento”.
Raimunda Oliveira, advogada e diretora da OAB
“Eu também não vi a decisão, mas se o juiz autoriza a continuidade do pagamento dos salários, é óbvio que ele se baseou na lei. O juiz não faz a lei, ele apenas obedece a lei. O escândalo é a lei dá o direito de um corrupto receber salário, mesmo numa situação tão escandalosa como esta da Câmara. Assim, em vez de se punir, deram umas férias para os vereadores e no final o povo é quem paga essa conta”.
Jorge Braga, presidente da CDL e coordenador do GAC
“Entendo que tudo tem que ser apurado de forma cautelosa e que, ao final, se faça justiça. Pelo que temos conhecimento, existem ações que não são nada recomendáveis para um vereador, um representante da população na Câmara Municipal. Aliás, esta Câmara tem passado uma imagem muito negativa e por isso a população deixou de acreditar nela. Mas a cautela é de bom alvitre, até porque não havendo cautela poderão ocorrer recursos favoráveis a quem cometeu desvio de conduta”.
Linho Costa, publicitário
“Acho que o Ministério Público, que pediu o afastamento, e a Justiça, que concedeu o afastamento, têm suas convicções de que estão certos. Agora, só afastar não resolve. Devemos ter consciência de que se os vereadores são mesmo culpados que sejam cassados, sejam colocados para fora da Câmara. Itabuna não aceita mais vereador corrupto. Agora, tem que se provar que eles realmente roubaram”.
Gustavo Suzart, publicitário
“Finalmente é dada uma satisfação à sociedade. Esse caso já vem se arrastando no noticiário há um ano e meio e não víamos nenhuma decisão, nenhuma punição. Jornais, rádios e televisões abordam o tema frequentemente, mas parece que isso não estava sendo suficiente para que a Justiça determinasse alguma coisa. Agora, finalmente, veio a punição e vamos aguardar o desenrolar dos fatos a partir dessa decisão. Essa decisão é uma virada de página. Acho que, além do afastamento e da penhora dos bens dos acusados, deve haver uma investigação mais ampla, mais significativa porque deve ter mais gente envolvida nesse escândalo e que não aparece porque tem muito dinheiro envolvido em tudo isso. Sou a favor que na sequência haja cassação. Isso seria um marco para Itabuna”.
Missinho Mendes, empresário de eventos
“Ouço falar que tem mais gente envolvida nessa coisa toda. Acho que deveriam ir mais adiante com a investigação porque, aí, pegariam outros culpados. Não creio que somente estes três vereadores estejam no meio da sujeira. Tem mais gente, tem mais vereador envolvido nisso. A sociedade itabunense cobra, e cobra com razão, uma punição mais rigorosa para os denunciados. Itabuna e toda a região têm conhecimento de que desviaram muito dinheiro público e isso não pode ficar assim”.
Rosivaldo Pinheiro, economista e radialista
“Embora tardia, a decisão é positiva e nos leva a crer numa futura cassação de todos os três vereadores. A Câmara já tem elementos suficientes para que o Ministério Público solicite as cassações”.
fonte:agoraonline
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