Se você estiver pensando que pesquisas eleitorais divulgadas servem para informar, você está errado na maioria dos casos. Com exceção das pesquisas divulgadas regularmente por veículos de comunicação, com calendário prévio, todas as demais não tem na informação sua principal motivação. A informação é apenas o pretexto.
O que são, então?, você indaga. São propaganda disfarçada de informação. Atendem primeira e prioritariamente a propaganda. A informação que portam é o que dá a essa propaganda, digamos, ares de credibilidade.
E, então, você pergunta, com justiça, claro: e a Justiça Eleitoral? Carimba essa propaganda, que ainda tem a assinatura de um estatístico. Imagino que publicitários e marqueteiros deveriam estar protestando contra os estatísticos por ocuparem seu espaço.
Se você pensou que divulgação de pesquisas era informação, passa a saber, portanto, que, salvo exceções, é propaganda. Propaganda em grande estilo. Bem, essa é a regra do jogo e esse é o mercado. E esse é o sistema. Portanto, nada de errado.
Mas… você ainda insiste.
Claro que há outra funções que a pesquisa desempenha. (Estou falando apenas das pesquisas tecnicamente bem conduzidas, obviamente). Muitas funções outras são desempenhadas. Por exemplo. Uma aposta sobre o resultado e a diferença de voto em uma eleição municipal entre o contratante e, digamos, um caboclo endinheirado, entusiasmado, mas mal informado desses vastos grotões desse imenso país. Há quem faça pesquisa para fazer a aposta certa e ganhar um bom dinheiro.
Certa feita, após uma eleição, um cliente comentou num misto de justa indignação, pois a diferença na eleição sugerira a ele que poderia ter gasto menos dinheiro. Obviamente, não procede tal comentário, pois a compra de votos não existe neste país. Isso é coisa de mexicano e seu PRI, que o diga o seu presidente recentemente eleito. O Brasil, ao contrário do que andou dizendo um general-presidente francês, é um país sério.
Bem, pelo menos uma pesquisa serve para contrastar outra pesquisa, deixando o eleitor em dúvida. As pesquisas assumidamente falsas tem esse lado positivo e contribuem para o eleitor, afinal, pensar por si mesmo, exigem que o eleitor passe a pensar. Nem tudo, definitivamente, está perdido. Alguém é induzido a pensar.
Agenor Gasparetto é diretor do Instituto Sócio-Estatística.
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