Até quem não assiste “Avenida Brasil”, novela da Rede Globo, está acompanhando os movimentos de Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella), as protagonistas e inimigas mortais da trama. As duas estão ligadas por um sentimento primitivo, capaz de levá-las a atitudes extremas: o desejo de vingança.
O círculo vicioso infernal começou quando Nina foi abandonada no lixão pela madrasta e provou a dor da rejeição. Anos mais tarde, disfarçada de cozinheira, Nina vai trabalhar na casa de Carminha, a madrasta, que tentou enterrá-la viva quando descobriu quem a cozinheira realmente era. Carminha, a vilã, permitiu que Nina vivesse, desde que fosse embora para sempre. Porém Nina voltou à casa de Carminha e chantageou-a com fotos que comprovam que a madrasta é adúltera. Um novelo de destruição eletrizante que se desenrola todos os dias diante de milhões de espectadores e que ainda vai dar muito o que falar até terminar.
Ao contrário do que parece, a vingança não é um sentimento 'inútil', ao contrário, tem um papel importante na saúde psíquica dos humanos. “O que é a vingança, do ponto de vista psicanalítico? É uma forma de defesa. Ela inverte uma cena em que a pessoa era objeto de uma agressão. Onde ela era fraca, passa a sentir-se dominante e forte”, diz Fábio Belo, professor na graduação de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
“Sentir desejo de vingança é normal, desde que esse desejo seja proporcional à agressão.” O que não significa que a pessoa deva executar a vingança, mas sim que esse sentimento é uma emoção humana saudável e que, em princípio, não constitui um problema.
O problema, esse sim, é que o desejo de retaliação raramente é proporcional à agressão inicial. “Em vez de controlar o agressor, queremos destruí-lo”, explica Fábio. É como se não fosse suficiente controlar quem causa uma agressão, é preciso exterminá-lo. “Parece que o ‘troco’ nunca dá reparação suficiente”, diz o psicanalista.
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