Do blog O Recôncavo:
Era previsível: quem já tinha espadas de fogo não iria jogá-las fora ou entregá-las à polícia. Espada custa caro e ninguém rasga dinheiro, embora, como se vê, há quem queime.
Logo, mesmo com a proibição da tradicional guerra de espadas, um número reduzido de pessoas desafiou a proibição e fez sua festa.
Entretanto, foi visível e robusta a redução do número de espadas soltas na cidade. Isto refletiu diretamente na diminuição dos queimados, feridos e prejuízos causados. Foram 74 feridos este ano, contra aproximadamente 350 no ano anterior. Os números falam por si.
Pela primeira vez uma parcela significativa da sociedade de Cruz das Almas, que desaprova e teme a queima de espadas, pôde sentir-se segura. A coisa era uma brincadeira e uma tradição. Era. Mas perderam o limite e agora toda a sociedade era vítima de uma prática perigosa e que impunha um estado de sítio absurdo e ilegal, além de expor a vida das pessoas, bem maior a ser preservado e superior a qualquer tradição.
As pessoas transitaram na cidade sem medo e o fluxo de gente passando nas casas dos vizinhos, parentes e amigos aumentou. São João passou aí? – perguntavam os libertos, sem maiores temores de sair de casa.
A atitude corajosa do Ministério Público e da Justiça, a despeito de toda reação, deu a esta parcela da sociedade (majoritária, creio) argumentos concretos para afirmar que o São João não acabou com a proibição da queima de espadas nas ruas de Cruz das Almas.
Ao contrário: a festa pode se revigorar justamente com o estabelecimento de limites claros de conduta, imprescindíveis numa sociedade.
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