Media On mostra que nova classe média deixou de ser nicho para ser maioria
“Você que saiu do Orkut porque a classe C entrou, se prepare. Eles chegaram no Facebook, no Twitter e em toda a parte”. A frase, dita em tom de brincadeira por Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, resume bem o fenômeno da invasão da nova classe média na internet. Em palestra no Media On, seminário internacional de jornalismo online realizado entre esta quarta (23) e quinta-feira (24), em São Paulo, Meirelles ajudou a traçar o perfil da classe C, que cada vez mais toma conta do mundo digital.
Segundo o executivo, a explosão dessa nova divisão socioeconômica faz com que a classe C já responda por 53,9% da população brasileira, 56% da internet e 50% dos usuários de banda larga, além de também responder por quase 60% dos usuários de redes sociais. Portanto, para Meirelles, a “classe C não é mais um nicho, mas sim maioria”. Além disso, a distribuição geográfica também está mudando. Embora a Região Sudeste ainda corresponda ao maior número de usuários, o crescimento nas áreas menos desenvolvidas está cada vez mais acelerado. O Acre, por exemplo, apresentou um aumento de 1118% nos acessos ao UOL, segundo o diretor de conteúdo do portal, Rodrigo Flores.
Outro fato relevante é que essa classe social ascendente, apoiada no bom momento da economia brasileira, também é a mais otimista em relação ao futuro. Segundo dados do Data Popular, 80% da classe C acha que sua condição irá melhorar e, entre os que acessam a internet, a porcentagem é de 89%. Esse otimismo pode ser traduzido em diversas formas de fazer acontecer, como viagens, cursos e outros itens de bens ou serviços, segundo Renato Meirelles.
Esse novo tipo de consumidor online traz mudanças no mercado. Flores diz que o próprio UOL mudou parte de sua apresentação para atingir também a nova classe média, voltando o BOL especialmente para este mercado, e conseguiu melhor desempenho por isso, mas que os interesses principais – bate-papo, esportes, notícias, entretenimento, vídeos – continuam basicamente os mesmos.
Independentemente da explosão da classe C, o Brasil já é um grande mercado da web. Em uma projeção, Alex Banks, vice-presidente da ComScore para a América Latina, mostra que o País será a 7ª maior audiência digital do mundo em 15 anos e que, atualmente, as notícias online têm 99,2% de alcance entre a população, enquanto os blogs têm 97% de alcance. Outro número curioso é o aumento acelerado de acesso à internet por meio mobile e de tablets, que já representam 1% de todo o conteúdo acessado no Brasil e 2,4% do conteúdo noticioso.
Blogs e redes sociais
Outro fator analisado foi a concorrência que os blogs e as redes sociais fazem frente a veículos noticiosos na internet no quesito divisão de audiência. No entanto, para os palestrantes do segundo dia do Media On, os dois lados são bens complementares. “Blogs e redes sociais não concorrem com a informação formal. A coluna informal é necessária”, afirma Rodrigo Flores, do UOL.
Para Alex Banks, o Brasil possui um grande número de players inteligentes de informação massiva, que acabam se aproveitando a audiência dos blogs e das redes sociais. “Os blogs vivem do hard news, o brasileiro deixa os blogs para a análise do que está acontecendo na mídia”, diz Banks.
por Felipe Collins Figueiredo, do Propaganda e Marketing
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