Índices de violência de Salvador transformam a “cidade sorriso” em um verdadeiro campo de batalha. E os cemitérios públicos – o que denúncia também a condição socioeconômica das vítimas – são abarrotados de corpos com suas marcas. Familiares e pessoas próximas dão sequência ao horror, demonstrando sua dor em velórios cheios de revolta. São dez cemitérios da prefeitura e um do estado. Os dois maiores deles são verdadeiros depositórios de vítimas de um tipo de violência que não encontra em seu chão um ponto final, mas um ponto a mais em um ciclo, que, sem aparente responsável, ao contrário de diminuir com o tempo, tem intensificado. “Principalmente quando é funeral de pessoas envolvidas com a marginalidade. Seus conhecidos vêm armados e muitas vezes são agressivos; tumultuam, ameaçam e prometem vingança, em voz alta, do comparsa abatido. Eles precisam apontar um culpado e somos os primeiros”, narra Ricardo Luiz Lima, encarregado do Cemitério Municipal de Plataforma, o maior a cargo da prefeitura. Ele conta ainda que há casos em que, além de uma conversa com um familiar que possa acalmar os ânimos dos grupos, a prudência pede que a polícia seja acionada. “Quando os primeiros começam a chegar e percebemos que estão drogados ou armados, ligamos para polícia, afinal nosso trabalho é enterrar os mortos e não lidar com os vivos”, ressalta.
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