Os
desembargadores da 3ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça da Bahia
(TJ-BA), reconheceram por 3 votos a 0, a posse de terra de Vandeíta de
Jesus Martins dos Santos sobre a Ilha do Urubu. A decisão das
magistradas Heloísa Graddi, Telma Britto e Lisbeth César Santos, por
unanimidade, garante os direitos da terra de forma quase definitiva, já
que não cabe recurso. De acordo com o advogado Cesar Oliveira, os
herdeiros legítimos da propriedade, cuja escritura é de 1964, entraram
com uma ação na Justiça para garantir a posse sobre a área. Ele explicou
que Gregório Preciado, espanhol naturalizado brasileiro, e primo do
candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), teria uma escritura
fraudulenta da terra e desalojado os verdadeiros posseiros. A Ilha do
Urubu foi utilizada como garantia por Gregório Preciado em um empréstimo
feito no Banco do Brasil no valor de US$ 5 milhões. Em primeira
instância, em Porto Seguro, um juiz substituto negou a posse aos
herdeiros. Vandeíta recorreu ao TJ-BA, que agora reconheceu a sua
propriedade. De acordo com o advogado, o terreno era de um pescador que o
adquiriu há 48 anos. Oliveira ainda lembra que terra foi esbulhada por
Gregório com um documento falso e pelo belga Phelipe Meeus, que tinha
uma escritura de doação feita por Paulo Souto, no seu último dia de
governo à frente da gestão do Estado da Bahia. Ele ainda informou que
perícias realizadas na época comprovaram que o título de doação foi
irregular. A disputa pela posse da Ilha do Urubu é um dos fatos narrados
no livro “A Privataria Tucana”, que faz uma série de denúncias sobre a
chamada Era das Privatizações no Brasil. O advogado afirma que a
“decisão do tribunal confirma a denúncia da Privataria Tucana”, e que,
no seu entendimento, a justiça foi feita. “Não importa se as pessoas são
humildes e se a área vale milhões, e foi isso que a Justiça
reconheceu”, refletiu. Ele completa que a decisão da Justiça é
“altamente positiva para a cidadania, democracia e o Estado Democrático
de Direito”.
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