Ao menos 12 prefeitos detidos pela Polícia Federal pelo país desde 2009 são candidatos neste ano. Outro que passou meses foragido também concorre em outubro. Como ainda são investigados ou só respondem a processo, estão imunes à Lei da Ficha Limpa, que exige condenação colegiada (mais de um juiz) para barrá-los. Um desses 13 políticos comanda uma capital: Roberto Góes (PDT) lidera pesquisa Ibope em Macapá (AP). O escândalo envolvendo Góes é citado na campanha. Ele passou dois meses no presídio da Papuda (DF), entre 2010 e 2011, por suspeita de desvios de verbas federais. "Em questão judicial, só quando se é julgado se pode apontar o dedo a quem quer que seja", afirma Góes. As ações da PF apuraram fraudes em convênios federais e desvios de verbas para a compra de merenda. A maioria dos casos está no Nordeste. Uma das operações foi a Carcará, que em 2010 deteve sete prefeitos da Bahia. A Folha visitou três municípios. A campanha atual, encabeçada por políticos presos naquela época, ocorre como se nada tivesse acontecido. "Foi o maior ato de arbitrariedade que já vi", diz o prefeito Everaldo Caldas (PP)(foto), de Elísio Medrado, cidade de 8.000 habitantes. O prefeito criou polêmica ao inaugurar lombada de rua com banho de champanhe e trio elétrico. Para Márlon Reis, que ajudou a elaborar a Lei da Ficha Limpa, as cidades pequenas favorecem casos desse tipo pela "falta de fluxo de informação" e pelo clientelismo. Segundo o juiz, não se trata de deficiência da Ficha Limpa porque a ideia era tirar das eleições os "casos mais graves": "O restante fica para a sociedade. A situação pode ser apresentada pelos candidatos oponentes, pelas organizações civis". (Folha)
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