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sábado, 18 de agosto de 2012

FALAR DE RENOVAÇÃO POLÍTICA FICOU REPETITIVO



Por Gusmão Neto

Já virou clichê esse discurso de que o Brasil precisa promover uma renovação política. Ficou repetitivo dizer que “mudar é preciso”. Claro que é preciso, isso é fato, pois convivemos com posturas provincianas. Estamos de acordo com essa premissa óbvia, mas como nenhuma transformação ocorre da noite para o dia, é preciso virar o disco dessa falação e ir para prática. Para que o processo político seja oxigenado, é necessário que sementes sejam plantadas para que essa coisa chata da política ganhe novos ares. E essa semente somos nós, jovens. Mas a juventude tem motivação para entrar na política? Ora, como se aproximar de um universo cheio de escândalos, descalabros administrativos, máquinas públicas emperradas pela “burrocracia”, partidos sem identificação? Razões suficientes para ficarmos bem longe desse negócio.

Façam um teste perguntando a algum líder partidário como ele pretende valorizar a juventude na política. A resposta é na lata. Ele vai dizer que lançará não sei quantos mil candidatos jovens por aí afora. Mas se for só assim, é melhor continuar com a velharia mesmo. De que adianta meia dúzia de garotões cheios de nada na cabeça se lançar candidato?

O jovem precisa ser motivado com bons exemplos, com histórias de decência, em valores e princípios. Só que mais do que motivada, a juventude precisa ser preparada e conscientizada. E isso não se restringe a oferecer um seminário onde a rapaziada sai com um certificado de formação achando que sabe fazer política. O buraco é mais embaixo. A conscientização passa também pela escola e é aí que quero chegar com esse texto que rabisco.

A escola não pode ser apenas um local de transmissão de conteúdos programáticos. Há de ser, acima de tudo, o nicho de formação e desenvolvimento de caráter. Se conseguirmos conferir à escola o seu papel de agente de transformação social, certamente estaremos forjando a mudança política que o país está a merecer.

Para acabar com esse horroroso dito popular, “se não tem tu, vai tu mesmo”, é preciso constituir novos ciclos e não há outra forma se não a Educação. Os pequenos de hoje precisam ser trabalhados agora para não se igualarem ao pessoal que aí está. Mas é sim difícil educar alguém se o próprio professor não é qualificado para debater certas coisas. Então que qualifiquem o professor. Mas pensando bem, para chegar a esse ciclo, isso não vai demorar muito? Vai, e não é pouco não. Mas não tem outro jeito.

Político não gosta de falar de Educação, porque esse tema não dá voto. Veja o exemplo do senador Cristovam Buarque: Ele batia na tecla do sistema educacional público e o próprio eleitor o taxava de chato. Os marqueteiros diziam que ele não tem futuro por ser político de um discurso só, candidato de mono agenda. E é mesmo. Quando Cristovam se candidatou à presidência da República teve menos que 15% dos votos.

Poucos são aqueles que tratam a educação como prioridade. Nunca vou me esquecer do que me disse o deputado João Carlos Bacelar, que hoje é secretário de Educação de Salvador. Ele falou que a sociedade não demanda educação, por isso os políticos não priorizam o setor.

Confesso que logo de cara achei que ele estava querendo me ludibriar durante a entrevista. Mas não é que ele tem razão? Educação não é prioridade mesmo, nem no poder público, nem na casa das pessoas. Na reflexão do secretário, o rico não reivindica melhoria na educação porque o filho já estuda em escola boa, onde professor não falta, onde não molha dentro quando chove. Já o pobre não reivindica porque plausivelmente está mais preocupado em alimentar a penca de meninos que tem em casa.

E quando reclama da escola, é porque faltou merenda para o filho que, muitas vezes, só come o prato oferecido na unidade. Triste realidade, mas é assim mesmo. Desejo é sorte ao deputado Bacelar que incorporou o discurso da Educação como sua bandeira, num lugar onde as pessoas acham o assunto desinteressante.

E por quê fiz esse rodeio todo enfiando a Educação no assunto, se comecei falando da (pouca) participação do jovem na política? Ah, preciso repetir? Era só isso que queria falar.

*Gusmão Neto é jornalista e diretor do site Teia de Notícias

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