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quarta-feira, 23 de maio de 2012

MULHER FALA SOBRE AGRESSÃO E TORTURA

Mulher do vereador mostra marcas da agressão cometida por ele. Jamile Alves diz que o marido também cortou os cabelos dela e raspou a cabeça (Foto: Renata Coelho/ Arquivo Pessoal)
“Eu não sei o que estou sentindo, ainda estou meio lesada”, afirma Jamile Alves Lima, 22 anos, esposa de um vereador da cidade de Ibirapuã, localizada a cerca de 900 km de Salvador. Ela diz que foi torturada, estuprada e teve os cabelos e a sobrancelha raspados pelo marido, de 37 anos. Em entrevista na tarde desta terça-feira (22) a vítima afirmou que o vereador cometeu o crime na quarta-feira (16), após busca-lá em uma loja de material de construções, onde trabalha como balconista.

Jamile disse que registrou um boletim de ocorrência (B.O) na delegacia do município na tarde de segunda-feira (21). Um dia após a agressão, outro registro policial também foi feito pela vítima na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), em Teixeira de Freitas, cidade próxima a Ibirapuã. Segundo a polícia, o vereador está foragido desde o dia do crime. a imprensa tentou falar com ele por telefone, mas o celular está desligado.

A muher do vereador afirmou que, após deixá-la em casa, o marido disse que iria para uma assembleia na Câmara de Vereadores do município, mas retornou minutos depois alegando que não havia nada importante para fazer na Câmara. Ela disse ainda que o suspeito trocou de roupa, sentou no sofá para assistir televisão e, instantes depois, pediu que ela pegasse papel e caneta e escrevesse um pedido de perdão. Ao questionar a solicitação do marido, a vítima diz que o vereador começou a agredi-la e iniciou uma sessão de tortura que durou cerca de duas horas. “Ele pediu que eu escrevesse na carta que não presto, não sou digna, que sou ordinária. Ele queria que eu confessasse uma traição na carta”, disse Jamile Alves.

Após a sequência de agressões que ocorreram na sala da residência do casal, o suspeito levou a mulher para o quarto e a violentou. Logo após o estupro, o vereador mandou a esposa tomar banho e, em seguida, começou a cortar o seu cabelo em frente a um espelho do quarto. “Ele cortava meu cabelo e dizia que era assim que se fazia na época medieval quando uma mulher traía o marido. Depois de cortar meu cabelo ele pegou uma máquina e raspou minha cabeça e minhas sobrancelhas”, afirmou Jamile.

Em seguida, o suspeito pediu que a esposa arrumasse a sua mala, pois iria sumir e disse ainda que a mulher poderia retirar as roupas dela da casa. A vítima ainda afirma que o vereador recebeu a ligação de um amigo antes de sair e que ela pediu ao marido para que ele a deixasse viver. O suspeito deixou a casa instantes antes da chega do amigo que levou a vítima para a casa da mãe dela.

Jamilie ainda informa que registrou ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher em Teixeira de Freitas na quinta-feira (17) e, no sábado (19), foi ouvida por um promotor. O suspeito teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Ricardo Costa e Silva. Segundo o juiz, a prisão foi pedida no domingo (20) e o suspeito pode responder por tortura, lesão corporal e estupro.

A vítima também relatou que no dia da agressão o suspeito mandou um dos filhos dele, de 7 anos, até o trabalho da vítima para perguntar se ela estava psicologicamente preparada para a noite. “Ele mandou um dos filhos dele lá [no trabalho] e o menino disse que ele [o vereador] mandou perguntar se eu estava com o psicológico preparado, na hora eu não imaginei que era isso. Horas depois ele passou lá e fez a mesma pergunta e eu não fazia ideia do que era”, disse.

Ainda segundo Jamile, ela se relaciona com o vereador há cerca de 9 anos. A relação teria começado quando ela tinha 13 anos e os dois estão casados há cerca de três anos. Durante esse tempo, ela afirma que nunca foi agredida pelo vereador, mas relata que ele sempre foi uma pessoa difícil e ainda não compreende o motivo da agressão. "Eu espero que a justiça de Deus e a do homem sejam feitas. Eu não consigo ter raiva, pois ele não é digno", afirma.

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