Estamos vivendo numa época ímpar, na qual cada vez mais são relegados ao desprezo os valores éticos e morais. Essas mudanças poderiam ser entendidas como decorrentes das transformações normais de qualquer sociedade não fossem provocadas pelas pessoas que defendiam bandeiras opostas, através de postulados filosóficos considerados dogmas intocáveis para a preservação da moralidade.

Com as mudanças a sociedade assiste, passivamente, que as velhas bandeiras da educação não passam de um biombo onde a ideologia esconde seus verdadeiros objetivos: quebrar paradigmas. Só que até hoje muita gente não se apercebeu de que os modelos substituídos não possuem parâmetros ou comandos capazes de impor um freio na degeneração social.

Em suma, se aposta no quanto pior melhor, no sentido de propor medidas apenas paliativas quando a solução está a exigir mudanças efetivas, duradouras, e que possam ser consideradas avançadas.

Essas propostas que vêm sendo colocadas em prática pelos profissionais da educação de sucessivos governos é um atentado à obtenção de conhecimento, sobretudo por não privilegiar a busca do saber pelos alunos. Nem precisa, pois eles são automaticamente passados para as séries seguintes sem qualquer aferição sobre o conhecimento adquirido pelos estudantes.

Perde com isso o ser humano uma das suas motivações mais primitivas que é ambição de galgar conhecimento, status social e profissional na sociedade, geralmente adquiridos por meio do aprendizado. Essa prática tem criado um clima desestimulador na sala de aula, em que os alunos não precisam estudar, pois estão previamente aprovados.

Em defesa desse modelo, professores que apoiam esse método ou pelo menos aceitam, dizem que a avaliações procedidas em sala de aula são insuficientes para mensurar a educação. Para esses defensores da aprovação automática, as provas medem apenas o que o aluno está com vontade de responder instantaneamente. O fato mais desanimador é que, em nenhum momento, os defensores dessa proposta apresentam um projeto que incentive o aprendizado e melhore o nível de conhecimento repassado pelos professores em sala de aula.

Alguns especialistas em educação têm o desplante em afirmar ser a competição algo nefasto, criação da sociedade capitalista, e inimigo número um do verdadeiro socialismo. Parece, mas não se trata de nenhuma piada contada em sala de aula para desopilar o fígado, baixar o nível de estresse dos alunos.

Trata-se de uma proposta de nivelamento por baixo, no sentido de manter (e por que não criar) uma sociedade alienada, apropriada para os propósitos do partido dominante, cujos projetos versam apenas sobre a oportunidade de se eternizar no poder. E essas propostas são feitas de forma explícita, sem que haja uma alguma reação da sociedade organizada contra o processo de deseducação da população.

Já se tornou público e notório que a escola atual, principalmente a pública, não oferece instrumental suficiente para dotar os alunos de outros conhecimentos e percepção, como saber interpretar o que leem. Isto é fato conhecido e que estudos colocam o Brasil dentre os piores colocados do mundo quando se trata desses indicadores.

Aliado a isso, vivenciamos um dos problemas cruciais para a melhoria do ensino, que poderia ser conseguida através da formação e capacitação dos educadores, o que poderia mudar a realidade em sala de aula. Mas é difícil, senão impossível, capacitar alguém mal formado. Trocando em miúdos, vale a expressão chula, mas verdadeira, teremos sempre “o cachorro correndo atrás do rabo”.

Se o aluno não consegue aprender nos níveis fundamental e médio, com certeza não será a faculdade que irá suprir esse vazio intelectual existente. Primeiro, por possuir um projeto pedagógico pronto para aplicar o conteúdo programático numa determinada carga horária. Também não seria a faculdade a incumbida de disponibilizar matérias básicas obrigacionais dos dois níveis anteriores.

Nesse caso, persistirá a deficiência intelectual e continuaremos a conviver com profissionais diplomados, com formação idêntica, mas de conhecimento intelectual distinto. Um exemplo mais prático é a introdução de cotas nos vestibulares, quando o que vale não é o melhor preparo, o detentor de mais conhecimento, mas uma característica qualquer transformada em vantagem.

Além da segregação imposta na universidade, esse aluno também será discriminado no mercado de trabalho, por ser considerado um profissional sem os requisitos requeridos. Enfim, será classificado como um técnico de categoria inferior.

Não basta ao aluno aprender as matérias básicas – português, história, geografia, matemática, dentre outras –, mas ter formação de vida, o que somente poderá ser repassada através de instituições e mestres comprometidos.

Jornalista, advogado, e editor do site www.ciadanoticia.com.br