Presidente da Assembleia Legislativa baiana, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT) não esconde de ninguém o sonho de tornar-se governador. Numa entrevista exclusiva ao blog Pimenta na muqueca, Nilo afirma que acorda e dorme pensando na candidatura, embora saiba que outros nomes da base estão na disputa.

Nilo também comenta sobre o projeto Assembleia Itinerante e o tumulto ocorrido na sessão em Itabuna. “Tinha sujeito com crachá que, claro, veio encomendado para vaiar A ou B”. Para ele, os tempos são outros. “Você tem que conquistar votos no convencimento e não na porrada”. Confira a entrevista.

PIMENTA – Como o sr. avalia a sessão em Itabuna?
Marcelo Nilo
– Sucesso. Foi muito importante. Tivemos a presença de 42 deputados debatendo diversos problemas da região sul do Estado. Tivemos a presença popular. É óbvio que estamos vivendo momento político, cada um defendendo seu partido, seu candidato. Foi positivo, ficamos sabendo os problemas mais importantes: a duplicação da rodovia BR-415, segurança pública, saúde, educação, barragem, universidade federal. Somos legisladores, elaboramos as leis e fiscalizamos o Executivo. Podemos contribuir nas soluções aos Governos federal e estadual.

Houve certo tensionamento entre grupos políticos locais, o sr. foi severo, ameaçou suspender os trabalhos, mas conseguiu equilibrar e levar a sessão até o final.
Tenho experiência… Se deixasse, aquele conflito viraria bagunça. Então tive que fazer um jogo mais duro. Claro que compreendo que vivemos em um regime democrático e o povo tem que falar. Agora é preciso que se compreenda o esforço de trazer a sessão da AL de Salvador para Itabuna para prestigiar a cidade. O deputado Geraldo Simões disse que este foi fato político mais importante para a cidade que a emancipação em 1910. Então trazer a AL para a cidade e aqui ser vaiado…

Tinha um sujeito com crachá que, claro, veio encomendado para vaiar A ou B. Esse tipo de político já passou.

Não seria uma manifestação natural do cidadão?
É fácil botar claque para vaiar, é muito fácil. Tinha um sujeito com crachá que, claro, veio encomendado para vaiar A ou B. Esse tipo de político já passou. Sou presidente da Assembleia Legislativa três vezes porque respeito o contraditório. O tempo de arrogância, prepotência e de ofensa acabou, o povo da Bahia sepultou. Agora é tempo de respeitar as pessoas que pensam diferente. Só ganhará eleição, quem tiver diálogo com aqueles que não acompanhem seus projetos. Você tem que conquistar votos no convencimento e não na porrada.

Após sessões em Feira, Conquista e Itabuna, como o senhor avalia o projeto Assembleia Itinerante?
Vitorioso. Disso não tenho dúvidas. O próximo presidente da AL terá que mantê-lo. A agenda de reuniões prevê sessões em Juazeiro, Teixeira de Freitas, Jequié… O critério usado é o de população. Fizemos Feira da Santana, Vitória da Conquista e Itabuna. Coincidentemente, PDT, PT e DEM. As seguintes são lideradas pelo PC do B, PSDB e a sexta do PMDB. Então dá para se fazer arrumação partidária. Sou presidente dos iguais que na AL são muito diferentes.

Quero sentar na cadeira de governador com tinta na caneta para fazer o que penso.

O senhor será mesmo candidato a governador?
Estou trabalhando para ser o candidato a governador. Acordo e durmo todos os dias pensando na candidatura a governador. Nasci na roça, no sertão, no semiárido. Fui estudar em Salvador, morei em pensionato, estudei em escola pública. Entrei na Embasa como estagiário e saí como presidente. Seis vezes deputado estadual. Sou único deputado estadual na história da Bahia 16 anos na oposição. Três vezes presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual mais bem votado da Bahia. Fui governador interino cinco vezes. É óbvio que a caneta não tinha muita tinta porque o cargo não era meu. Quero sentar na cadeira de governador com tinta na caneta para fazer o que penso.

Na base, existem outros nomes…
Estou preparado para ser governador da Bahia. Agora, preciso trabalhar. O PT tem a preferência, mas não tem a exclusividade. Vou lutar, subindo degrau por degrau. Lento, mas constante. São 200 andares, mas chego lá.