Sei que alguém pode grugunar, mas tenho que falar sobre a questão porto sul, até porque está próximo do dia da audiência pública a ser realizada no Centro de Convenções Luiz Eduardo Magalhães, em Ilhéus. É um assunto que diz respeito a todos os residentes em Ilhéus. É o futuro da cidade que está em jogo.
Em primeiro lugar, penso que não existe ninguém contra esse projeto do político, o porto sul. Os tachados de ‘contra’ em verdade são questionadores. Os questionamentos são pertinentes, baseados no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresentado pelo governo do Estado da Bahia. Até hoje, encontram-se sem respostas convincentes. Tanto governo, quanto a mineradora interessada, não divulga os inúmeros pontos negativos. Eles preferem passar a ideia, através da mídia, que esse borogodó vai acontecer de qualquer jeito, porque é um projeto nacional do governo federal. Pressionam de toda forma, utilizando inclusive, através de seus serviçais, palavras de ameaça e a força bruta, invadindo e depredando propriedades particulares.
Ora, quem colocou Dilma Rousseff na chefia da presidência e Jaques Wagner no governo baiano? Foi o senhor povo, que inclusive é quem paga o salário de todos os agentes das administrações públicas. Falar que vai acontecer, porque o governo quer, é desmoralizar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que é quem vai analisar os dados do relatório e expedir o veredicto. Não dar para acreditar que Dilma e Wagner tenham esse pensamento ditatorial de querer passar por cima das decisões do órgão competente ou cerceá-lo para atender seus pedidos (ou ordens?). Eles viveram o auge da ditadura. Sofreram como contestadores do sistema e testemunharam a cena de muita gente torturada e até morta por não aceitarem imposições governamentais. Decidir sem a anuência real do órgão competente é cuspir na Constituição Federal e desdenhar da democracia.
Mas o que chama a atenção do projeto do político, o porto sul, é o comportamento de alguns dos seus defensores. Comumente, essa turma é constituída de cabos eleitorais das autoridades políticas. Um momento para a abertura de parêntese: cabo eleitoral tem caído cada vez mais no descrédito perante o povo, porque é o portador de mensagens, muitas vezes mentirosas, dos políticos. E cabo não passa de cabo. Nunca é promovido. Ninguém nunca ouviu falar em general eleitoral. Ah, ah, ah, ah, …
Brincadeira à parte, o que se nota é a prática velha de se fazer política, baseada em ofensas pessoais e criação de fatos falsos, que o político apelidou de factóides. Veja que chegaram a espalhar o boato de que a construção da rede de supermercados GBARBOSA está parada por causa de ações dos ambientalistas, quando em verdade é por falta de apresentação da documentação necessária por parte do empreendedor. O chefe de gabinete do prefeito, José Nazal, pode explicar melhor.
No dia da audiência haverá uma manifestação em defesa da construção imediata de nova ponte para a zona sul da cidade. Reivindicação justa. O movimento é organizado por membros da sociedade civil. Tomara que os ‘cabos’ não aproveitem a passeata para insinuar que os manifestantes são todos a favor do projeto do político. Eles têm essa coisa de tentar confundir a opinião pública. A “ponte (porto) sul” confunde-se facilmente. Os organizadores não devem deixar-se que sejam usados pelos defensores do projeto do político. O povo quer emprego, sim, ninguém duvida. Só que o projeto do político, segundo dados do RIMA, aumentará os problemas sociais (Confira entrevista com o professor Rui Rocha aqui: (http://www.blogdogusmao.com.br/v1/2011/10/19/rui-rocha-muitos-problemas-novos-surgirao-com-o-porto-sul/ ). Não atenderá a demanda crescente por empregos.
A verdade é que o político não tem credibilidade na palavra, portanto não merece confiança. Os defensores afirmam que tal projeto vai atrair investimentos na área social. Engodo puro. O povo não está mais tão bobo, e sabe que empresa não investe para criar emprego para a população, em primeiro lugar, embora o documento principal chame-se contrato social. Empresa visa lucros cada vez maiores. No quesito complexo porto sul só se fala em instalação dos empreendimentos e pouco em melhoria na qualidade de vida das pessoas. O ideal é que o governo pense primeiro na fomentação do bem estar do povo, oferecendo os serviços de saneamento básico, construindo hospitais, postos de saúde, escolas, etc, todos devidamente aparelhados. Proceder de forma contrária é o mesmo que colocar a carroça à frente do cavalo.
Essa história de que o governo vai trazer benefícios sociais após a construção do projeto dos políticos é balela. Ilhéus perdeu o hospital Santa Isabel e tem o São José no mesmo caminho. Os postos de saúde funcionam precariamente com falta de medicamentos, médicos e funcionários. A saúde está um caos, e nada de providências para a retirada da cidade desse atoleiro. O porto do Malhado, quase em processo de fechamento, por falta de pequeno investimento na infraestrutura. O aeroporto não funciona com cem por cento de sua capacidade, diante da leniência de autoridades públicas e lideranças políticas regionais. Não foi por falta de clamor da sociedade civil. Houve, inclusive, duas passeatas, uma delas da praça Cairu, no centro, ao aeroporto. A estrada Ilhéus/ Buerarema necessita de revitalização. Os governos não ouvem os clamores do povo. A biblioteca pública fechou. O governo prometeu reformá-la, todavia não cumpriu. A pequena obra do Departamento de Polícia Técnica (DPT) arrasta-se há três anos.
A eficiente alocação de recursos parece não ser preocupação do governo. Por que não investir os R$ 6 bilhões, destinados ao projeto dos políticos, na agricultura familiar, no turismo e, principalmente, na qualidade de vida das pessoas? Esse é o dever do Estado, que deve ser feito AGORA, JÁ. Quanto a ferrovia, o governo pode revitalizar a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), fazendo ligação à abandonada (por falta de manutenção), fazendo ligação à abandonada (por falta de manutenção) Ferrovia Central Atlântica (FCA), que passa por Brumado/ BA e fica a 70 km da mina do minério de ferro de Caetité/ BA, aproveitando o Programa Estadual de Logística de Transportes (PELT)/ 2004, desenvolvido pelo governo de Otto Alencar. Assim, colocando cada qual no seu cada qual, o governo utilizaria melhor os recursos públicos que pertencem ao senhor povo. Fora disso é desperdiçar dinheiro público para satisfazer ao projeto do político.
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