Páginas Notícia de Itabuna - Bahia

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O PC DO B É DO DIABO ?



Li recentemente, e com muita atenção, o artigo intitulado À moda stalinista, de Roberto Pompeu de Toledo, em que julga ser o PCdoB um partido em busca de reinventar seu passado, pouco antes de jogar a toalha e entregar a cabeça do ministro do Esporte, Orlando Silva. Tratou-se, evidentemente, de uma jogada do partido na tentativa de mascarar seu mais recente fiasco político.
No programa de propaganda obrigatória que foi ao ar no dia 20, o PCdoB apresentou como emblemas do partido, figuras como Luís Carlos Prestes, Olga Benário, Jorge Amado, Cândido Portinari, Patrícia Galvão (a Pagu), Oscar Niemeyer e Carlos Drummond de Andrade. Trata-se de uma fraude similar às operações do programa Segundo Tempo, diz Toledo, pois dos sete, os seis primeiros pertenceram ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), arquirrival do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). O sétimo, o poeta Carlos Drummond de Andrade, não foi nem de um nem de outro. O partido tentava, num programa de TV em que jogava as últimas fichas para safar-se do escândalo no Ministério do Esporte, pegar carona num casal de ícones da história brasileira (Prestes e Olga) e em algumas das mais queridas figuras da cultura do país.
Para Toledo, o caso menos grave é o de Oscar Niemeyer que, apesar de ter sido militante do PCB, já apareceu em programas anteriores do PCdoB, do qual aceita as homenagens. O mais grave para ele é o de Prestes, pois o PCdoB surge, em 1962, do grupo que, no interior do PCB, discordou da denúncia do stalinismo promovida na União Soviética após a morte do ditador. O PCdoB, com um curioso “do” no meio da sigla, será daí em diante o guardião da pureza stalinista (leia-se: assassinatos, opressão, ditadura, miséria).
Toledo lembra que no verbete “PCdoB” da Wikipédia, Prestes é tratado de “revisionista” e acusado de ter “usurpado a direção partidária”. Também se diz ali que “abandonado à própria sorte, em idade avançada”, Prestes “dependerá de amigos como Oscar Niemeyer para sobreviver”. Eis colocadas na mesma cloaca da história duas figuras que agora o PCdoB alça ao altar de seus santos.
Entre os outros casos de usurpação biográfica, a alemã Olga, primeira mulher de Prestes, foi fiel soldado das ordens de Moscou. Morreu muito antes de surgir o desafio do PCdoB. Portinari e Pagu morreram, no mesmo 1962 do cisma comunista, ele fiel à linha de Moscou, ela convertida ao trotskismo, portanto inimiga do stalinismo. Jorge Amado era da turma de Prestes, o “Cavaleiro da Esperança” a quem cantara num livro com esse título.
Toledo ainda afirma que o caso mais estapafúrdio é o de Drummond. Coitado do poeta! Nos anos 1930/1940 ele praticou uma poesia de cunho social e chegou a colaborar com o jornal Tribuna Popular, do PCB. Mas nunca se filiou ao partido. Cultivou a virtude de nunca ser firme ideologicamente. O namoro com o comunismo dividia-o com a fidelidade ao Estado Novo, ao qual serviu no Ministério da Educação. No pós-guerra, mitigava o comunismo com a sedução pela UDN do amigo e mentor Milton Campos. Em 1945 votou para senador em Luís Carlos Prestes, do PCB, e para presidente em Eduardo Gomes, da UDN. E, em 1964, apoiou o golpe militar. Sobre tal fato, disse Drummond que “a minha primeira impressão foi de alívio, de desafogo, porque reinava realmente, no Rio, um ambiente de desordem, de bagunça, greves gerais, insultos escritos nas paredes contra tudo. Havia uma indisciplina que afetava a segurança, a vida das pessoas”, explicando sua posição numa entrevista transcrita em livro recente (Carlos Drummond de Andrade, Coleção Encontros). Agora vem o PCdoB dizer que Drummond foi um dos seus!? Acusa Toledo.
Desconcertante história, a desse partido. Pra finalizar, o jornalista afirma ainda que agora o PCdoB inclui em suas fileiras gente que lhe foi alheia e que, pelo avesso, chega ao mesmo fim de falsificar a história. Mais que isso: o partido falsifica a sua própria história.
E tudo isso por puro interesse político e demagógico, como está posto, com a finalidade final (perdoem-me a redundância necessária) de iludir, tentando a todo custo manter a imagem de um partido que discursa como paladino da moralidade, mas que no fundo, no fundo, em nada difere dos seus congêneres à direita, contaminado e fascista, emburrecido e alienado.
Gustavo Felicíssimo é escritor. Edita o blog Sopa de Poesia:
www.sopadepoesia.blogspot.com.

Um comentário:

  1. Bom dia ao redator deste blog!
    Sei que o comentário que estou fazendo não tem nada haver com essa postagem, mas estou querendo uma ajuda se possível.
    Há alguns meses comprei uma camêra fotográfica profissional na internet de uma mulher chamada MARISETE MACHADO COUTO da cidade de Itabuna-BA, e até agora não recebi o produto, não só eu mais outras pessoas ocorreu o mesmo. Estamos sendo vítimas de algum golpe, e peço que alguém que tenha alguma informação desta pessoa que entre em contato comigo pelo meu e mail. Meu nome é Brenan e o email é vbrenan@gmail.com.
    Obrigado pela compreenção!

    ResponderExcluir