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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ZITO BOLINHA, BATELÃO, AGORA PINTADINHO



A Itabuna antiga era cidade rica, alegre
muito honesta e de caráter. Mas também de bons carnavais e do belo futebol amador. Para José Alves da Silva, o Pintadinho Alfaiate, de 83 anos, quando se pensa em uma Itabuna do passado, muitas imagens vêm à mente e, junto com elas, um misto de nostalgia e saudade.
“Era um tempo de tantas coisas boas e bonitas, numa cidade onde todos respeitavam todos e os velhos eram tratados com mais respeito, amor e educação. Era um povo de vergonha e compromisso”.
Embora tenha boas lembranças e saudade do passado, apesar de tudo ele diz que gosta da Itabuna atual, sem aquele matagal todo que circundava a pequena cidade, da época em que chegou aqui, ainda adolescente, em 1944, aos 16 anos.
Pintadinho Alfaiate, como é bastante conhecido nos meios esportivos e sociais, conta que não só viu como participou de muitos eventos que marcaram época, como os tempos dos velhos carnavais ou do futebol amador.
Além de músico na Filarmônica Euterpe Itabunense, ele tocava em bandinhas no carnaval e era um dos foliões mais animados, como costuma lembrar. Também foi um dos mais famosos jogadores da época de ouro no seu time de coração, o Botafogo de Itabuna.
Feira livre
Mas, como nem tudo é festa, ele também foi comerciante na grande feira livre que funcionou durante muito tempo na praça Adami. Ele vendia farinha, feijão, milho e outros itens da cesta básica. Trabalhou na feira até o dia em que ela foi transferida para a praça José Bastos.
Lembra de pequenos detalhes da época que a geração atual desconhece, como a feira que ficava atrás da estação de tem e na frente havia a bela praça (atual José Bastos) onde funcionava o lambe lambe com seus retratistas e suas máquinas antigas, “que mais pareciam uma geringonça”.
“Aquelas máquinas eram esquisitas e complicadas demais. Tanto que, para tirar um retrato, os profissionais enfiavam a cabeça dentro de um pano preto”, lembra com bom humor o ex-comerciante que se transformou em alfaiate, profissão que apesar da idade ainda a exerce com orgulho.
Pintadinho Alfaiate diz que só não faz mais conjuntos de ternos, como costumava fazer para muita gente influente na sociedade, como o Dr. Benedito. Mas ele ainda costura calças e bermudas, e faz reparos, como pregar botões e zíper, sem precisar usar óculos.
Grande paixão
No futebol, ele diz que era um bom jogador na época, “como tantos outros nomes ainda hoje lembrados”. O futebol era uma de suas grandes paixões, tanto quanto seu time, o Botafogo, que na época tinha as cores vermelho e branco.
As partidas eram realizadas na Velha Desportiva (no Jardim do Ó) ou fora da cidade, nas competições regionais. Ele diz que não chegou a jogar na seleção amadora, a que deu o titulo de hexa baiano ao Itabuna, mas ajudou a movimentar a torcida com sua charanga.
Além de coordenador, era também o baterista. Hoje ele não toca mais nada, mas é sócio remido da Filarmônica Itabunense.
Pintadinho tem uma memória boa e gosta de lembrar com bom humor fatos passados vividos por ele. As lembranças são tantas que vão surgindo e atropelando as outras. Na adolescência, além de futebol e de carnaval, gostava muito de jogar sinuca.
Se considerava muito bom, tanto que era chamado de “espeteiro”, que não deixava o adversário ganhar uma partida. Ele diz que ensinou o empresário Helenilson Chaves a jogar também. O ponto de encontro era o Elite Bar, que funcionava na avenida JJ.Seabra, a atual Cinquentenário.
Orquestra
Para matar a saudade, vamos voltar aos velhos carnavais. Como bom carnavalesco, ele saia no Cordão das Ciganinhas, com direito a orquestra completa. Tinha saxofone, trombone, trompete, clarinete. A banda era comandada por músicos como João XXI, Vicente, Apio, Marinho e por ai vai.
Ele recorda também dos cordões Estela Dalva, Os Corsários, com mais de 70 participantes, inclusive mulheres que se vestiam de homem para desfilar, e o bloco das Bruxas, comando por Maria Pinheiro e Almenáide Teixeira. Os ensaios eram realizados no antigo Teatrinho ABC.
“Tudo era tão bonito e pacífico, pena que não tínhamos máquinas fotográficas como essas que tem hoje até em celular, para registrar aqueles momentos mágicos”.

crédito:aregião

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